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Muito além do currículo*


Qualquer profissional que já concorreu a uma vaga numa entrevista de emprego deve conhecer a palavra currículo ou curriculum vitae. Pessoas com formação acadêmica geralmente elaboram seu currículo na plataforma online do Lattes, fazendo o que chamam de Currículo Lattes. Este fica a disposição de qualquer instituição, podendo ser acessado via internet. 

De acordo com definições de dicionários e internet currículo significa trajetória de vida, mas como documento de qualificação profissional tem como intenção mostrar de modo sintético as qualificações e aptidões do profissional. As qualificações começam a ser descritas pela formação educacional, com informações tais como: ensino médio ou superior, pós-graduação, mestrado, enfim. 

Dentre as aptidões estão tarefas que a pessoa está apta a realizar, as quais podem ser, entre outras: espírito de equipe, liderança, falar em público, etc. Com poucas palavras e de forma objetiva, o currículo descreve o profissional que será entrevistado e posteriormente contratado.

Há muitos casos em que ocorre a contratação de um currículo: a empresa lê o perfil profissional do indivíduo, sua qualificação e aptidões e encontra o candidato perfeito. O mesmo vai para a entrevista e é visto como um bom profissional para a empresa, mas os selecionadores podem esquecer-se de um elemento muito importante neste caminho. 

Como profissional ele pode ser uma ótima aposta, mas e como pessoa? São comuns os casos onde a organização contrata um currículo maravilhoso, confere a este currículo expectativas e se frustra porque a pessoa por trás da qualificação e aptidão não combina com a organização. É interessante ter o entendimento de que o profissional e a pessoa que ele é não são boas ou más, o que pode ocorrer é o candidato não estar em harmonia com o jeito de ser da organização para a qual foi contratado. Alguns destes profissionais, pela expectativa que foi colocada sobre eles, têm sérios problemas para superar o desligamento.

Ao contratar é importante perceber que há uma pessoa por trás do currículo, que esta pessoa tem seu jeito de ser, é singular. A singularidade da pessoa não é menor que a singularidade da organização, eis a grande questão. Alguns podem alegar que a pessoa é do ramo, trabalhou em outras organizações e conhece o negócio, mas estas outras organizações tinham outro jeito de ser. Uma organização situada em São Paulo, com mil e quinhentos funcionários tem um jeito de ser diferente de uma organização situada em Criciúma com trezentos funcionários. 

Um profissional, por mais que tenha um ótimo currículo, pode não ser uma pessoa que vai se adaptar a viver em uma cidade menor, pode ser uma pessoa que não vai se adaptar à cultura da organização. Para saber se organização e profissional contratado são compatíveis é preciso conhecer a cultura da organização e a pessoa que está vindo, não um perfil de currículo, mas a pessoa por trás deste papel.

As contratações de currículo são ruins para os dois lados. Para o profissional, que pode se frustrar por vir para uma organização onde apesar de sua qualificação, não consegue trazer os resultados e para a organização, pois uma pessoa mal alocada pode gerar um desconforto muito grande aos que serão colegas deste novo profissional. 

É comum acontecer tanto demissão em massa quando pedidos de demissão em massa e, neste processo, tanto organização quanto profissional são prejudicados. A organização por perder seus resultados e o profissional por ficar “queimado” diante do mercado. Como já apontado, para não ferir a pessoa que está chegando na empresa e as pessoas que já estão nela, é importante conhecer o perfil organizacional e da pessoa. Somente assim é possível saber se o contratado (a) fará par com aqueles que já fazem parte da organização.

Rosemiro A. Sefstrom
Filósofo Clínico
Criciúma/SC

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