Anuncia-se no horizonte
a Feira do Livro de POA, junto com a primavera e os ipês floridos.
Preparar uma Feira do
Livro é uma obra quixotesca. E é bom que se ande de mãos dadas com Dom Quixote.
Anda-se, assim, em harmonia com moinhos de vento. Ou de montanhas de livros. E
livros bons e fantásticos.
Circula-se entre a
Feira do Livro de Caxias do Sul e de Porto Alegre. Os olhos da gente
voltando-se para duas direções. Um olho direciona-se em obras e autores
criteriosamente selecionados. O outro olho, antecipadamente, no contentamento
dos leitores ao encontrar os livros que procuram.
Supera-se, assim,
qualquer cansaço físico pela alegria da alma. E da alma do leitor.
Tranquiliza-me esta
preparação para a Feira. Sei que noventa por cento dos livreiros focam-se num
frenesi desesperado em busca dos best-sellers. Uma saturação da mesmice. Uma
repetição do mesmo.
Estive ontem numa
distribuidora e recolhia o que os outros deixavam para trás. Acho que não
conheciam. Ou não acreditavam. Ou deixavam , justamente, para mim. Dentro de um
universo de duzentos ou trezentos livros, muitas vezes recolho cinco ou dez.
Esses mesmos que eu queria. Importantes e essenciais. E que fazem a diferença.
Garimpa-se então sociólogos, antropólogos, historiadores, filósofos,
educadores, psicólogos centrais e periféricos. E autores políticos de análise
crítica e equilibrada. E clássicos da literatura. E alguns best-sellers, porque
não. Sei que haverá procura por estes temas e autores. E alegrias e
contentamentos dos leitores.
De brinde vem alguns
comentários de leitores e que nos confortam generosamente: "estes livros e
autores só encontrei nesta banca"; "esta banca é diferenciada, se
destaca por livros e autores de ciências humanas".
A maioria das vezes nos
olhamos e silenciamos para conservar a humildade...
*José Mayer
Filósofo, Livreiro,
Estudante de Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS
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