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Por falar de amor*























Se o amor me leva 
a adentrar a casa,
por um lado a dor me leva
a buscar a chave para sair.
                  Jesus Aguiar
                  Vânia Dantas

O amor é algo que talvez não possa ser definido, mas que tentamos sentir ou demonstrar por meio de linguagens e gestos. São abraços, palavras, sonhos, flores e presentes que veem em nome dele e que são direcionados para a pessoa em que encontramos o destino, a fim de entregar esse tesouro tão nobre que existe dentro de nós.
Amor que anestesia o tempo, rompe com a cronologia, instaura um tempo eterno onde parece só existir o início, pois ele não termina jamais. Emoções congeladas num sorriso; é o vencedor que serve. O pensamento e a alma se unem e neste espaço sagrado criado e só a pessoa amada nele permanece.
O amor exige uma exclusividade, talvez a nominemos de fidelidade. Queremos um vínculo, uma entrega total entre o amado e a amada. As estrelas são assim roubadas do céu e guardadas no interior do coração, como bem poetizou o grupo Roupa Nova : “Te dou o meu coração / Queria dar o mundo”.
O amor faz com que entreguemos o mundo e também nos entreguemos totalmente ao coração escolhido, para assim nos derramarmos totalmente.
No escrito bíblico (1 João 4,18), o autor sagrado decreta: “O amor lança fora todo o medo”. Certamente esse amor humano, que também é revestido de divindade, não teme as intempéries do tempo presente porque elevou o coração amado a um lugar muito distante das imperfeições e dos limites, numa dimensão salvífica. Revestiu-lhe de proteção, deu-lhe esperança e o assegurou com a segurança que só mesmo o amor pode oferecer.
O amor desvela o próprio núcleo do ser, volve de luz a pessoa amada, e assim não há trevas que possam permanecer perante a sua presença. Amadurece a inteligência, pois reluz a essência divina de onde procede, e assim molda o humano à imagem e semelhança do Eterno, fazendo com que sua própria inteligência eterna norteie os corações de modo a levá-los a se importar apenas com aquilo que não passa. O amor transpassa a matéria pois vê com outros olhos, vê por dentro dos seres as intenções e os limites e tem compaixão pela essência escondida em casa humilde.
O mundo sofre de uma carência, de um vazio. É a ausência do amor que o deixa assim. O mundo necessita de essencialidade, e só o amor pode iluminar tal fato. O coração humano quer amar e ser amado; quando não o assumimos, vivemos o processo da nadificação, existência fútil, estéril. É o indicativo de que precisa haver uma recriação. Só o amor pode criar, porque ele é dinâmico, ele é força, ele permite perscrutar os contrários para deles criar uma dimensão unitiva/construtiva.
Quando o amor aflora, uma nova primavera se inicia: sol brilhando, flores desabrochando, borboletas voando a anunciar que uma nova estação vem; a alegria ocupa o lugar da tristeza, o amor ocupa o espaço até então tomado pelo medo, a terra está fecunda, a vida cresce.
Enfim, o amor faz o ciclo da vida circular, tudo se modifica, a equidade emerge,  os sons e a poesia dão brilho preparando o grande protagonista que chega e que encanta a multidão que distante dele caminhava, e que agora nele encontra o seu sentido de harmonia.

*Pe. Jesus Aguiar
Filósofo, Teólogo, Filósofo Clínico
Taubaté/SP
*Vânia Dantas
Filósofa Clínica
Brasília/DF

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