“Aquele que escolhe vê-se livre em sua escolha. Ele pode até
mesmo arrepender-se dela e ele demonstra de todas as maneiras que ele assume
sobre os ombros os seus próprios atos.” Hans-Georg Gadamer
A razão ocidental de tradição
aristotélica e kantiana teve um grande revés ao longo da modernidade no século
XX e no que se inicia, no século XXI; e, hoje, demonstra sua força contra
aquilo que ela mesmo criou e cuidou com zelo quase moral, a saber, endureceu
sua lógica em nome da unidade, destruiu os argumentos que se voltavam contra o
silogismo.
O que vemos já um bom tempo desde o tiro certeiro no método e na
razão é o raciocínio anapodítico como hábito no cotidiano beirando a legitimar
a razão de “cachorro louco”, já dizia um amigo meu analítico, um ex-amigo por
conta da razão absoluta dele.
Como a razão nunca teve um dono,
como ela nunca foi uma casa que se entra, se mobília, se dá nome às coisas como
sendo verdadeira, então, tudo começou a valer. Então, o que vimos durante o fim
do século XX foi não a derrocada mas a constatação da inteligência superlativa
das cavernas que tanto se almejou e se detestou.
A ciência foi o único erro que
deu certo nisso tudo, transformou o homem em objeto e sujeito. Este século não
será fácil, mas o que importa pensar no futuro? ... se o relógio do tempo nos
der tempo ‒ o que nos dava a garantia de poder elucubrar em nome do bem pensar
‒, se já não sabemos mais como compreender os ponteiros, se o que cruza a
fronteira do real é o que vivemos realmente, como descobrir o pensamento além
do pensamento?
O propósito para as cabeças que
pensam é pensar em desenredar o nó da lógica que enredou na teia do absoluto e
nas águas da mesmice do rio poético. Assim se traça as lógicas que estão soltas
nesse nó da vida.
*Luis Antonio Gomes
Doutor em Comunicação. Editor
Sulina
Porto Alegre/RS
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