Passa lento o tempo da
escola e a sua angústia
com esperas, com
infinitas e monótonas matérias.
Oh solidão, oh perda de
tempo tão pesada...
E então, à saída, as
ruas cintilam e ressoam
e nas praças as fontes
jorram,
e nos jardins é tão
vasto o mundo —.
E atravessar tudo isto
em calções,
diferente de como os
outros vão e foram —:
Oh tempo estranho, oh
perda de tempo,
oh solidão.
E olhar tudo isto à
distância:
homens e mulheres;
homens, homens, mulheres
e crianças, tão
diferentes e coloridas —;
e então uma casa, e de
vez em quando um cão
e o medo surdo
trocando-se pela confiança:
Oh tristeza sem
sentido, oh sonho, oh medo,
Oh infindável abismo.
E então jogar: à bola e
ao arco,
num jardim que manso se
desvanece
e por vezes tropeçar
nos crescidos,
cego e embrutecido na
pressa de correr e agarrar,
mas ao entardecer, com
pequenos passos tímidos,
voltar silencioso a
casa, a mão agarrada com força —:
Oh compreensão cada vez
mais fugaz,
Oh angústia, oh fardo!
E longas horas, junto
ao grande tanque cinzento,
ajoelhar-se com um
barquinho à vela;
esquecê-lo, porque com
iguais
e mais lindas velas
outros ainda percorrem os círculos,
e ter de pensar no
pequeno rosto
pálido que no tanque
parecia afogar-se — :
oh infância, oh fugazes
semelhanças.
Para onde? Para onde?
*Rainer Maria Rilke
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