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Reflexões, apontamentos, poéticas*


Quando julgamos o outro a partir das nossas próprias fragilidades, nos afastamos muito de quem a pessoa é realmente e passamos a crer em mais um preconceito. Pode surgir desse fenômeno hábitos traduzidos em sofisticadas formas de mentir para nós mesmos e quanto mais mentiras construímos e acumulamos mais nos enganamos, nos iludimos e adiamos ou anulamos conquistas capazes de nos tornar realmente felizes. É mais fácil perceber e se encantar com a estética das formas ou da retórica do que captar as verdades, a essência dos conteúdos, das intimidades das coisas e da vida. Porventura, esse talvez seja o grande desafio e desafeto da linguagem, da poética e de toda a arte. O poeta e todo artista pode até dominar a estética, mas no fundo, visa mesmo é tocar a essência da sua arte na essência do outro, na essência da vida. É surpreendente como em tempos de cólera se torna cada vez mais difícil captar as verdades presentes nas essências dos discursos e dos gestos até mesmo por quem já nasceu poesia. É preciso mais tolerância e esperança, mais arte e mais poesia nesse mundo como apelo e resgate da capacidade de ouvir e sentir as belezas presentes em tudo, sobretudo, de dentro para fora. Enfim, beleza mesmo vem do íntimo de tudo que é vivo e é isso que contagia e faz a coletividade vibrar e transcender; e quando o belo se detém apenas a superfície, sufoca porque o que impera não é beleza, é ilusão viciante muito bem disfarçada em fetiches convincentes demais. Musa!

Pablo Mendes
Filósofo, Analista de Sistemas, Mestre e Doutorando em Educação, Filósofo Clínico
Uberlândia/MG – Porto Alegre/RS

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