Abrace-me de mansinho
Pois abraço tem que ter
jeito
Suave que pode virar
colo
Deixe espaços para as
asas
- Não me aperte
muito!
Senão vira sufoco
- Não me amasse
Nem dobre minh'alma.
Abrace-me, porém,
inteiro
- Não me corte em
fatias
Ninguém abraça um
pedaço.
Demore-se junto ao meu
peito
Atravesse meu corpo...
e volte
Pois preciso ainda
deste abraço
Amanhã... e depois ,,,
e depois...
Abrace-me, assim, sem
pressa
Salva-me um dia e uma
noite
Salva-me uma vida...
Pois te abraço para
recuperar
Tudo que ainda me falta
Fechas assim os
olhinhos
Para dizer-me que
compreendes
Que enquanto os corpos
se abraçam
As almas alegres se
enlaçam.
Aquele abraço era o
lado bom da vida
Mas eu também sabia
Que para merecê-lo
Eu precisava me
esquecer
E o que é trágico e
irônico
Para ela viver, eu
precisava perdê-lo
Tínhamos um problema de
territórios
Enquanto ela queria
abraçar o mundo
Eu ficaria contente em
abraçar ela.
Ainda lhe levarei meu
abraço
Nas despedidas e
retornos
Em portos e
aeroportos...
E em meio a este abraço
Murmuraria-lhe baixinho
ao ouvido
Que te adoro.... um
tanto
E sei também que ela
Baixinho murmuraria-me
de volta
Que me adora.... um
pouco...
Naquele dia, ao seu
findar, ela pediu-me um abraço.
"O amor é eterno
enquanto não começa...."
*José Mayer
Filósofo, Livreiro,
Poeta, Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS
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