Pular para o conteúdo principal

Silêncio dos Dias*


Na tarde que esconde o poente das inquietações, faço do cansaço minha prece diante da poeira de minhas dúvidas. No pássaro solitário a cantar as tristezas de não saber qual o rumo certo para migrar, elevo no silêncio que cala minh’alma a poesia que nasce no entardecer dos cantos destes cantos sem fim.

Poetizo a vida na dor que muitas vezes chega sem nome e aos poucos cicatriza na alma ferida a melodia de uma tarde de saudades. Nada além do vento frio que anuncia a noite que chega de mansinho. O sol se esconde das minhas esperanças e nas estrelas o anuncio de que Alguém olha por mim.

Descrevo a vida de acordo com os aprendizados de cada dia. Nada além do que a vida me ensina nas duras tardes de sertões que povoam regiões sem norte ou sul de estações que ainda hão de chegar. Refaço a vida no amor que junto à mesa é sacramento de bondade.

No arroz e feijão a certeza do alimento que é fruto do suor e cansaço de cada dia. Nada mais que uma simples oração, sem palavras ou ritos. No olhar que repousa no fogo que aquece as panelas, a alegria da vida em gestos simples de gratidão. Onde há amor, a seca dá lugar as flores que nascem onde a vida já não mais permite esperança.

Descanso na paz que em meu peito não pede plateias nem aplausos. No anonimato da vida sigo meu caminho fazendo do hoje o tempo único que me confere o direito de ser apenas um silêncio das tardes incertas do viver.

Enquanto a noite chega acendo a vela da fé que ilumina meus sonhos de vida. Lá fora a vida segue seu rumo e na minha alma sigo os silêncios de meus dias.

Descobrindo a beleza da vida em pequenos detalhes

Pe. Flávio Sobreiro
Escritor, poeta, estudante de Filosofia Clínica
Cambuí/MG

Comentários

Visitas