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Trânsito Carioca*


Parado, estocado, findado, amarrado
Alguns poucos passos à frente
Nada de muito significativo
Nos encontramos numa carruagem
Onde os cavalos nos levam a algum lugar
Do qual não sabemos nada
Mas esse não-devir incomoda a todos.
Inocente, postergado e puto
Nessa onda louca, baixa e sem efeito sobre o mar
Continuamos caminhando.
A passos de tartaruga, seguimos adiante
Mas o adiante continua distante.
A música que toca não nos toca.
Não nos enxergamos sendo parte,
Mas o mar nos leva em alguma direção.
Quando chegaremos lá?
Depende de quando sairemos daqui.
Apressados e estressados encontram outros
Que não ligam para o derredor.
O derredor é ignorado,
Pois vivemos nossas vidas.
Quando finalmente caminhamos como coelhos,
Nos vemos parados novamente.
Detidos por alguma forma natural
Que nos empurra para a parada
O não-devir nos faz continuar na nossa condição primordial: parados.
Pareados com o não-movimento
Vamos nos abastecendo de paradas
E nossos nervos continuam à flor da pele
As palavras de baixo calão fluem de bocas nervosas
Mas isso é o menor dos problemas,
Pois o não-devir nos move ao mesmo lugar
E nos deixa na mesma posição. 

*Vinicius Fontes
Filósofo, Filósofo Clínico, Mestrando em Filosofia UFF
Rio de Janeiro/RJ

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