“Os pontos singulares
estão sobre o dado; as questões são os próprios dados; o imperativo é o
lançar.”
Gilles Deleuze
O que é a sorte grande?
Essa é a indagação que me faço já um bom tempo, talvez desde minha tenra idade
em apostar na vida venho à busca de um método. Claro, a vida é mais complexa se
olharmos do ponto de vista existencial mas nada se compara ao imbricado mundo
da sorte no jogo. Digo, o “jogo de azar”, o jogo de apostar em números, em
apostar na intenção de ganhar algo.
Esse algo pode ser acumulativo, pode ser o
princípio do prazer e como alguns preferem que seja, a perdição de uma
vida. Chegam até profetizar, exorcizar
sobre o tema, eu diria, quanto mais sorte se tem menos se ganha em qualquer
coisa, até porque não sei o que é ter sorte, mesmo no ato de jogar ela vem de
forma do acaso.
É um impulso que me
leva a apostar em algo. Penso que o ato de escolha dos números é algo que se
perde no infinito combinatório dos números, isso no plano de consciência do
jogador. O jogador acha que está fazendo combinações, mas ao fim, se ele for
mesmo vasculhar seu arquivo da memória encontrará centenas de vezes a
combinação se repetir.
Creio que o jogador tem medo do infinito, como também,
do outro lado do pensar, tem medo da morte. Se nada existir, aí o jogador se
ferra de vez. Por isso, inconscientemente ou não, um dia ele acaba se
repetindo. O jogo já faz parte da vida do jogador assim como da vida do não
jogador, daquele que abomina o jogo por achar que é jogar fora suas energias em
algo que não lhe trará nada compensatório.
Para o Bem ou para o Mal, o jogador,
é uma espécie de crente que já não acredita mais em nada, e apenas os números
podem lhe dar alento. O não jogador, esse olha de longe, mas quando vê um jogo
de alta cifra no painel que diz ‒ aqui é a sua chance de se arrumar na vida ‒ é
o momento de que nadar é não mais morrer na praia, lá vai ele apostar, entre
milhões, querer colocar no bolso os milhões do “azar”.
É nesse momento que o
não jogador entra no páreo... se triplicam até as últimas possibilidades de
jogar. Todos jogam...Quem será o ganhador? Não sei, só gosto de apostar e
filosofar sobre a vida e o jogo. A morte é o fim do jogo. Como é bom driblar os
imperativos.
*Prof. Dr. Luis Antônio
Gomes
Escritor, Poeta, Editor
Sulina
Porto Alegre/RS
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