Muitas vezes em nossos caminhos existenciais é
preciso deixar perde-se para encontrar-se. Os desvios de caminho, num certo
sentido, pode ser um caminho para o encontro com o outro que há em cada um de
nós. A angústia de não saber para onde ir, em determinados momentos, é uma
sensação de liberdade obrigatória!!! Perceber-se nesses momentos pode ser
altamente produtivo para continuar no caminho da busca...
Talvez o descaminho
seja o verdadeiro caminho para uma nova percepção de tudo que nos rodeia,
principalmente, nossas sombras plurais. O medo de descontrolar-se e não ter a
bússola para orientar-se é o que torna a caminhada mais significativa e
interessante.
Somos controlados o
tempo todo pelos relógios dos compromissos diários, vivemos quase que
maquinalmente no cotidiano de nossas vidas. Será que seria esse o caminho? Ou
talvez tenhamos deixado, por comodidade, conduzir-se pelas normas sociais?
Somos pessoas ou indivíduos manipulados pelo excesso de informação?
Nesses momentos é que
percebo a beleza que há naqueles que se distanciaram dessas normas sociais e
são chamados de "loucos" por uma sociedade mecânica. Quem são os
"loucos" afinal? Nós, os aprisionados na possível certeza de lucidez,
ou os "loucos" que se libertaram de suas lúcidas certezas?
E, questionando, percebo que ainda há muito o que se entender da natureza humana. Rotular, agendar termos é mais fácil e seguro que investigar, e, de repente deparar-se com mais incertezas. Isso amedronta aos controlados e aos controladores!!!
São esses caminhos de
busca inesgotável que move meu querer aprender mais e mais os motivos pelos
quais estamos existindo. Talvez eu nunca consiga chegar a uma conclusão com
certezas absolutas, mas as dúvidas movem o mundo e muitas descobertas
fantásticas foram realizadas por aqueles que tentaram aproximar-se da verdade.
Afinal, a proposta dos
grandes filósofos, desde a antiguidade, sempre foi essa perseguição, quase
doentia, pela verdade. Será que a filosofia contemporânea ainda segue essa
proposta? Será que não precisamos repensar, na atualidade, o que seja
filosofia? Qual seria o papel do pensar filosófico, de forma efetiva, para as
atuais questões existenciais?
Acredito que seja
preciso rever alguns conceitos. O conceito de normalidade, por exemplo, é
extremamente vago numa época em que descobre-se novas perspectivas de "bem
viver". Nunca houve tanta informação sobre sexualidade, crenças religiosas
e muitas outras questões em relação a ciência, tratamento para doenças
incuráveis e inúmeras pesquisas trazendo possibilidades de curas para o corpo
físico. Mas e as curas para corpo emocional?
Sim! Evoluímos, terapia
para muitos, hoje em dia, não é mais sinônimo de loucura. Remédios
psiquiátricos nunca foram tão bem tolerados pela sociedade como nesse século.
Talvez até por causa dessa liberdade, muitos médicos, acreditam, que seja
necessário a medicação sintética para evitar nossas dores emocionais. Eles
também são bombardeados por inúmeras informações.
Evitar o sofrimento é
uma tendência atual. É claro que existem casos onde o sofrimento transforma-se
em doenças e o medicamento poderá ser um grande aliado. Mas, somente o
medicamento sintético? E o conhecer-se a si mesmo?
Será que temos o
direito de medicar os rotulados "loucos" sem que eles realmente
queiram? Será que eles não deveriam ser questionados se querem permanecer no
estado de liberdade ou devemos, realmente, medicá-los apenas sinteticamente?
Acredito que muitos profissionais da saúde mental estejam em constante conflito
quanto aos melhores tratamentos.
É mais seguro manter,
esses seres dotados de sensibilidade, distante do olhar da sociedade. Muitos de
nós, na verdade, temos medo de encarar as diferentes singularidades existentes.
A necessidade de se identificar é quase que obrigatória. Os agendamentos do
"ideal" robotizou nossos sentidos e nos deixou menos questionadores.
A vida, cada vez mais exigente, nos rouba o direito do ócio criativo. Ficar
atento, nesse momento existencial, poderá evitar nossos "surtos" por
falta de extravasar essa necessidade de expressão que é essencial para tentar
manter o equilíbrio diante de tantas informações sem profundidade. Precisamos,
urgentemente de qualidade, para uma vida de sanidade mental!!!
É... Continuarei me
perdendo para, talvez, me encontrar!
*Vanessa Ribeiro
Filosofa, Atriz,
Professora de Teatro, Dançarina, Filósofa Clínica
Petrópolis/RJ
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