“O olhar do outro afeta
o meu de um índice de cegueira. Mas a cegueira provoca a imaginação.”
José Gil
Eis a questão que me
envolve às vezes na reflexão, se existe existencialista pós-moderno, depois, em
outra linha do pensar, digo a mim com a convicção própria de um homem do século
XXI, se é que existe mesmo, é o pós-moderno existencialista.
Se existisse ainda
existencialista, certamente não seria pós-moderno, seria um herdeiro do
marxismo, seria um saudoso homem diante de questões pós-cartesianas, dentro de
um embate profundo sobre a objetivação do sujeito.
Só que isso passou. Se
hoje se fala de existencialismo porque existe um resquício sartreano na
linguagem que atravessou o século XX, e permanece no corpo de muito pós-moderno
existencialista a extensão do tempo que se metamorfoseou, deixou de ter um
único ideal.
Tenho o pensamento no
pêndulo do tempo, nas ruas de Paris, assim como tenho o olhar na imagem da
história e disso posso ter uma certeza ‒ não a verdade que alguns intelectuais
procuram ‒, mas o prazer de ver essas contradições que habitam o homem deste
século.
Esteticamente, na imagem
das pequenas percepções vive um existencialista, talvez o que resta do
pensamento sartreano no contemporâneo, no homem que bem ou mal, é o registro
vivo de um tempo que se modifica incessantemente.
Esse homem que vive no
pensamento está consciente de que o pós-moderno talvez não exista mais, a
modernidade tratou de matar toda e qualquer alternativa para a recusa do
sujeito que ela mesmo forjou, sua obra, hoje, está na agonia das incertezas.
Não se deve culpar o homem por suas escolhas erradas em princípios morais, em
conjecturas filosóficas, muito menos em ideias totalizantes. O homem é
resultado dessas escolhas.
A história jogou ao tempo um homem que hoje
pode viver como um pós-moderno existencialista, até mesmo num esforço de força
metodológica, um homem estético da modernidade tardia existencialista.
*Prof. Dr. Luis Antônio
Paim Gomes
Professor. Escritor. Editor
Sulina.
Porto Alegre/RS
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