Alice, quando se aventura atrás do coelho no País das Maravilhas, percebe ao cair que: "ou o poço era muito fundo, ou ela caía muito devagar, porque enquanto caía teve tempo de sobra para olhar à sua volta e imaginar o que iria acontecer em seguida."
Penso que muitas das
situações que eu já me deparei como mãe, são semelhantes às aventuras de Alice,
correndo atrás do coelho. Seja esse coelho o meu filho pequeno, seja esse
coelho as questões que ele me trouxe, e continua trazendo.
A aventura de Alice, em
analogia com a minha e de tantas mães, é a da transformação através da
experiência, ou ainda, da jornada da maternidade que nos transforma, ao mesmo
tempo em que criamos e transformamos nossos filhos em adultos. Pois estamos
também, a cada passo, nos transformando em mães e pais. O que vai acontecer em
seguida, ser mãe, sempre é uma surpresa, mesmo a Alice quando cai no poço,
"tentou olhar para baixo e ter uma ideia do que a esperava, mas estava
escuro demais para se ver alguma coisa."
Não sabemos o que nos
espera quando estamos esperando um filho, temos somente a expectativa, a
experiência dos outros e os nossos sonhos. Vai ser no cotidiano de fraldas,
brincadeiras, mau humores adolescentes, formaturas e primeiros empregos, que
vamos desenhar nosso papel de mãe.
A jornada pode ser escura, mas a minha foi
iluminada pelos desenhos dos smurfs e tundercats, que eu e meu pequeno
assistíamos hipnotizados. O que eu não percebia na época, é que esse
divertimento entre mãe e filho transformava os dois, até por trazer um
interesse em comum.
Na infância foram os desenhos, depois as
palavras cruzadas, os livros de Harry Potter, o interesse pela música, as
séries de tv, a literatura, e agora acabamos de voltar de uma viagem à Flip em
Paraty. O interessante nessa relação, é que somos extremamente diferentes,
sendo parecidos.
Tem sido uma caminhada
inusitada essa, de ser mãe, que ao mesmo tempo é igual e diferente da
experiência de outras mães. Igual porque muitos sentimentos e reações se
aproximam do que minha mãe e minha irmã sentem em relação aos filhos, mas
diferente porque cada filho é único, com sua personalidade e opiniões. Afinal,
toda mãe tem a certeza absoluta que seu filho é o mais bonito e inteligente do
planeta, e não sou exceção!
Alice, ainda atrás do
coelho, tem a sensação de estar "caindo, caindo, caindo. A queda não
terminava nunca?" A riqueza de experiências de ter um filho não acaba
nunca.
*Luz Maria Guimaraes
Historiadora.
Publicitária. Diretora de Criação na Santo Expedito. Filósofa Clínica
Porto Alegre/RS
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