Escrever poesias é um
ofício solitário. Mas de onde tira o poeta aquilo que escreve? De onde tira as
cores para pintar suas flores? De onde tira a música para melodiar seus
versinhos? O que faz o poeta ver belezas em qualquer cantinho, onde muitos nada
vêem?
O poeta é um solitário
no seu ofício de escrever. Precisa acontecer, contudo, alguma coisa antes da
escrita. Sua alma precisa ser tocada. Seu coração enternecido. Precisa ver um
olhar que brilha. Escutar uma voz amável. Ouvir um sorriso infantil. Precisa
sentir....
Não se comanda um
poeta. Não se deve esperar nada do poeta em hora marcada. Poeta não é casa de
doces e salgados para fazer encomendas.
Aconteceu assim: Tinha
um espelho velho que coloquei no meu jardim atrás de umas flores. Ficou lá um
ano. Um dia ela me visitou. Mostrei-lhe o espelho e disse-lhe que era para as
flores se olharem no espelho. Ela sorriu. Eu sorri. E a poesia nasceu:
Eu tinha um espelho
Muito velhinho
Que coloquei no meu
jardim
Atrás de umas flores
tristes
Que eu cuidava
Para elas se olharem
E não é que elas
ficaram
Bem mais bonitas
E eu mais alegre
Ia olhá-las todo dia...
*José Mayer
Filósofo. Livreiro.
Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica`
Porto Alegre/RS
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