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Um mar no olhar*


Quando me defronto com um olhar marejado
É como se me visse no reflexo dum lago no momento da chuva.
Algumas coisas me afetam em demasia
Olhares marejados me paralisam
Me deixam fora dos eixos
Estaciono. Sento no chão. Baixo a cabeça
Meus pés não andam mais
Perco as palavras. Fico analfabeto
É assim como num sonho:
Tento correr
Para me salvar
Ou oferecer alguma salvação
E não saio do lugar.
Olhos marejados afogam meu choro seco
Por instantes fecho os olhos meus
Para voltar a olhar outra vez
Minha vontade é de estender um dedo
Para amparar a lágrima passada
O que vejo não são dois olhinhos
Enxergo duas poças d'água
Sobre gramas de outono
Misturo-me e mergulho no lago dos olhos
Para fazer o tempo voltar
E impedir que os olhos marejassem....

*José Mayer
Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS 

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