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A palavra vertigem*

                                                       
 


Um ser irreconhecível se desdobra na expressividade fugaz. Seu aspecto de invasor ameaça o saber encastelado, seu ritmo alucinado de vivências subjetivas re_apresenta um devir quase esquecido. Ao pensar o impensável realiza uma excursão pela partícula de infinito desconsiderada. Sua ótica de incerteza desconstrói o mundo de uma só verdade.   

Os sons murmurados nas entrelinhas apresentam o instante entre um e outro. Sua lógica de estôrvo e o caráter de percepção excessiva, denuncia espaços, alarga escutas, vislumbra imaterialidades. As associações desgovernadas esboçam um contato fugaz com o absurdo. Parece recordar que a vida não é definitiva.

Sua estranha dialética é ser registro de uma ausência. Como um acesso de desrazão, seu teor de expressividade não cabe numa definição. Nas possibilidades entreabertas pelo discurso novo, uma sensação de embriaguez involuntária, gestada na própria estrutura, ensaia lonjuras desconhecidas.  

A palavra vertigem aparece como um fundamento da lógica dos excessos. Em sua ótica de nuance se estabelecem múltiplas promessas. Como um não-lugar em vias de acontecer, sua tensão desconfigurada e de viés imprevisível, parece interrogar a vida para reinventar o sonho.  
         
Talvez sua maior aventura seja precipitar novas ideias, recomeços. Seu discurso, até então contido, elabora um novo dialeto. A velocidade das idas e vindas descobre itinerários por onde a matéria-prima se refugia. Seu caráter obtuso expõe fragmentos de invisibilidade, transgressão de limites, estrada querendo partir.

Os percursos da singularidade, quando em direção às ideias complexas, apresentam estéticas ainda não lapidadas. O deslize da pena do autor, pelos subúrbios de si mesmo, tenta descrever o refúgio desses inéditos. Assim um visar súbito encontra o inclassificável.

Numa perspectiva de lógica delirante, ao decifrar sua linguagem, é possível se ter subjetividade, tempo e lugar como reféns um do outro. Nela o teor precursor reencontra as poéticas da não-lucidez, reivindica a palavra vertigem para ressoar um mundo por vir.  

*Hélio Strassburger

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