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A quem se destina o trabalho dos filósofos clínicos?


É uma pergunta frequente no meio acadêmico, nas áreas terapêuticas, na medicina – já que a Filosofia Clínica lida com a existência em sua singularidade, em sua plasticidade, em sua representatividade e subjetividade. Na prática quem nos procura ainda é a pessoa com uma queixa muito vista nas dores médicas, psicológicas, espirituais, sociais.

Acontece aqui um diferencial que costuma causar estranhezas fortes ao entendimento dos critérios e mecanismos de ação adotados pela Filosofia Clínica. O filósofo compreenderá a dor da pessoa a partir da historicidade dela. Somente a partir desse procedimento, a história de vida da pessoa, como esta se estruturou ao longo de uma existência é possível encontrar os mecanismos para lidar com esta dor (seja ela emocional, física, ética, religiosa, cultural e etc.).

Em Filosofia Clínica, nem sempre debelar uma dor é o melhor caminho para a pessoa. E isso quem vai nos orientar é a trajetória que percorremos com quem partilhamos os espaços da vida. Acontece, em alguns casos, por exemplo, a depressão ser indicada existencialmente.

Historicamente, a depressão é tida como apatia, renúncia, recuo, destituição dos elementos vitais. “Uma falácia compreensível, mas cada vez menos justificável, se você tomar a Filosofia Clínica como estudo”, diz o filósofo Lúcio Packter. Para os parâmetros da Filosofia Clínica a depressão é um movimento também de luta, de afirmação, de vida. Para algumas pessoas é assim, a dor é didática. E há quem tenha uma de estimação: “Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso” (Clarice Lispector).

*Rose Pedrosa
Filósofa Clínica. Professora. Coordenadora da Formação no Ceará.
Fortaleza/CE

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