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Mostrando postagens de outubro, 2015
O que torna uma pessoa feliz jamais dependerá da quantidade e da qualidade das coisas que ela possui ou acumula; felicidade de fato não depende de ter o melhor de tudo. Fundamentalmente, ser feliz depende de poder ser o melhor que pudermos agora. E quanto mais despertarmos a capacidade de ser, mais plenos de paz e amor seremos. Em outras palavras, a grande sacada mesmo consiste em aprender cada vez mais a fazer o melhor que pudermos com tudo aquilo que temos nas mãos. Ou seja, felicidade é diretamente proporcional à sabedoria e nem mesmo desenhando didaticamente conseguiremos conscientizar pessoas ainda indispostas a transcender. Mas é preciso seguir com ternura tentando até conseguirmos fazer a nossa luz crescer ao ponto de iluminar também escuridões alheias. Até mesmo os solos mais férteis precisam de gestos de cuidado para fecundar qualquer semente. Afinal, felicidade e paz dependem demais de escolha própria, amor e autoconhecimento. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes

Valéry angustiado*

Leio em "Monsieur Teste", livro do genial Paul Valéry relançado, em edição ampliada, no ano de 1946, um ano após a morte do escritor: "Enfastiado de ter razão, de fazer o que tem sucesso, da eficiência dos procedimentos, tentar outra coisa". Na metade do século passado, Valéry ataca, assim, alguns dos valores mais divinizados em nosso século 21: o império da razão, a necessidade do sucesso a qualquer preço, o endeusamento da eficiência e do desempenho. A idolatria da vitória. Não vacila: diz. Não se poupa: expõe-se. Foi também um crítico de grande coragem intelectual. Em "Monsieur Teste", um dos livros mais importantes de Valéry (1871-1945), o filósofo se dedica a pensar o pensamento. Seu objeto não é o mundo, não está interessado em refletir a respeito das coisas a seu redor. Interessa-se, apenas, por sua própria maneira de pensar. Na edição ampliada que tenho nas mãos, estão incluídos fragmentos e anotações que Valéry pretendia acrescentar a seu

O que há para além dos portões da nossa vida ? *

Quantas vezes nos deparamos com limites, com muros que nos cercam e que não nos permitem ver para além da estrada histórica para a qual nos encaminhamos ao longo da vida? No nosso patamar existencial esse fenômeno costuma ser muito comum, o fato de não podermos ver para além da nossa trajetória, um horizonte fechado, limitado, onde o futuro se torna apenas duas ou três possibilidades, nos dando concomitantemente a impressão de um frágil controle regado à limitação. Às vezes ouvimos boas novas que parecem ser mágicas, distantes da nossa existência. Coisas como um horizonte infinito, como uma vida, vasta por onde possamos transitar e com seletividade vivenciar aquilo que verdadeiramente tem a ver conosco, deixando o restante para trás. Uma existência considerada utópica para a maioria. Para muitas pessoas o horizonte da vida é murado, é fechado, não há luz para além dele, não há nada... São cegos existenciais que somente enxergam aquilo que está ao seu limiar, sua periferia

Fragmentos filosóficos, delirantes*

"Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida." "Não há linha reta, nem nas coisas nem na linguagem. A sintaxe é o conjunto dos desvios necessários criados a cada vez para revelar a vida nas coisas." "A interioridade não pára de nos escavar a nós mesmos, de nos cindir a nós mesmos, de nos duplicar, ainda que nossa unidade permaneça." "(...) a mentira não pode ser pensada como universal, visto implicar pelo menos algumas pessoas, que nela acreditam e que não mentem ao acreditar." "Félix Guattari definiu bem, a esse respeito, uma esquizoanálise que se opõe à psicanálise: 'Os lapsos, os atos falhos, os sintomas são como pássaros que batem com o bico na janela. Não se trata de interpretá-los. Trata-se antes de detectar sua trajetória para ver se podem servir de indicadores de novos universos de referência suscetíveis de adquirirem uma consciênc

Epifania*

Epifania (é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo) Com a chegada da maturidade  e o nascimento da minha netinha, chegou também uma nova nota de amor pela vida. Tão  silenciosa quanto poderosa. Um verdadeiro reset na alma. Veio colocando os problemas no exato tamanho de sua realidade. Tudo ficou pequeno e o sentido da coisas se refaz a cada descoberta a cada espanto a cada sorriso da doce Tetê . Com ela estou vivendo doces momentos de epifania, me sentindo como a Clarice Lispector que inúmeras vezes redescobre as coisas e os acontecimentos mais simples como uma criança que se depara com algo pela primeira vez e vive o encantamento. da descoberta.                   A pequena  está  com 7 meses e a vovó está  a 4 meses sem fumar, depois de ter fumado mais de 30 anos.  Quando paro pra pensar,  tenho uma sensação estranha, afinal por muitos anos  acreditei que eu jamais conseguiria abondar este vício, mas consegui e a verdade é que sinto ter

Fragmentos filosóficos, delirantes***

"A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior." "Cada leitor procura alguma coisa no pema. E não é nada estranho que a encontre: já a tinha dentro de si." "Cada palavra ou grupo de palavras é uma metáfora. E desse modo é um instrumento mágico, ou seja, algo suscetível de tornar-se outra coisa e de transmutar aquilo em que toca." "Sim, a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa carga metafórica disposta a explodir no momento em que se toque na mola secreta, mas a força criadora da palavra reside no homem que a pronuncia." "(...) um poema só se realiza plenamente na participação: sem leitor, a obra só existe pela metade" "A palavra, em si mesma, é uma pluralidade de sentidos" "(...) toda magia que não se transcende - isto é, que não se transfo

Serenidades*

Pode sentar... Tocar seu canto. Enquanto o tempo passa, Há música no mar. Venha... Bem dentro de você Há uma serenidade infinita. Só imaginar... Que tudo acontece! Agora! É a grande magia! Bom dia! *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora da Academia Juizforana de Letras. Juiz de Fora/MG

Poema de sete faces*

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.   O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada.   O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos , raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode.   Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco.   Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.   Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. *Carlos Drummond de Andrade

As linguagens da terapia*

                                          O espaço compartilhável da clínica aprecia se constituir num acordo de singularidades. Um desses lugares onde a interseção dos personagens pode acontecer. O veículo capaz de transcrever essa objetividade fugaz é a linguagem. As palavras, ainda quando silenciadas, convidam, pela atualização discursiva, a ingressar nos inéditos cenários.    Uma pronúncia das vontades costuma elencar o mundo como representação da pessoa. As palavras escolhidas para dizer, pensar, imaginar, constituem um aprendizado fundamental a atividade clínica do Filósofo. A aventura pessoal descrita na história de vida se utiliza de códigos linguísticos próprios.  Essa página em branco, inicialmente, rascunha-se em borrões. Seu vocabulário estranho, vai fazendo sentido na sustentação dos encontros, na qualificação da relação, no aprendizado da nova língua. O movimento introspectivo compartilhado na hora-sessão, convida a reviver eventos passados pelo viés atual.

Envelhecer*

“Quando eu fico, como hoje, mexendo nesses velhos cartões-postais, percebo que de repente tudo se misturou, se confundiu.” Danilo Kiš A extensão dos meus propósitos por linhas que escrevo a vida, meu nome. É por acrescentar que faço o viver sem deixar de ler o todo do meu nome, escrevo meu tempo.  É como se eu tivesse saído do minimalismo da juventude, e nesse tempo ter aprendido a usar todo o meu corpo em nome por extenso para filosofar sobre o umbigo.  O meu nome não esquece a vida, alia o Nada ao Tudo, deixa para trás a dor e reinventa as cores. Compõe a música imaginária em todas as letras para escrever no muro o nome do nome.  Meu nome não teme o fim, rompe a linha da vida, avança para além do pequeno lugar rumo ao desconhecido.  Meu nome é um viajante que precisa soletrar para compreender sua língua amolada em nomes marcados no fio metal do tempo. *Luis Antônio Paim Gomes 

Sobre o amor*

Amor, então, também, acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima. *Paulo Leminski

Tempo pra renascer*

Vou contar-me por "estórias"... Sou ansioso, desde menino Parece que nasci atrasado Andei atrasado Falei atrasado Amei pouco e atrasado Vou morrer atrasado. Sou ansioso Agora tenho pressa Minh'alma vê mais coisas Que minha mão escreve Minha boca fala mais Que meu pensamento pensa. Minha imaginação Não copia meu pensamento Não dou carta em branco ao tempo Não assino procuração em branco para amores. Agora vou inventar "estórias" imaginárias Para fazê-las acontecer Amanhã Ou depois Ou depois... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Ainda existem almas para as quais o amor é o contato de duas poesias, a fusão de dois devaneios." "(...) como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?" "(...) ouvindo certas palavras, como a criança ouve o mar numa concha, um sonhador de palavras escuta os rumores de um mundo de sonhos." "Aliás, por que existir, já que sonhamos ?" "Ver e mostrar estão fenomenologicamente em violenta antítese." "Não é também no devaneio que o homem se mostra mais fiel a si mesmo ?" "Não saberíamos, sem os poetas, encontrar complementos diretos do nosso cogito de sonhador. Nem todos os objetos do mundo estão disponíveis para devaneios poéticos. Mas, assim que um poeta escolheu o seu objeto, o próprio objeto muda de ser. É promovido à condição de poético." "Que importam para nós, filósofo do sonho, os desmentidos do homem que reencontra, após o sonho, os objetos e os homens ? O devaneio foi u

Alimento do amor*

Em minha mão Mais que alimento Te dou amor Em minha mão Toda ternura deste amanhecer Te dou Em minha mão Toda possibilidade infinita De voar e livre ser Vá e semeie Voe longe Meu amor Pois, amor só dura Em liberdade! *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG

Pré-história*

Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhou Para mim, para ninguém! Cai no álbum de retratos. *Murilo Mendes

Além das Palavras – O Escutar como Método Terapêutico*

“A alma anda por todos os caminhos. A alma não marcha numa linha reta nem cresce como um caniço. A alma desabrocha, qual um lótus de inúmeras pétalas.” (Khalil Gibran) Percorrer caminhos desconhecidos, aventurar-se nas planícies dos destinos incertos de cada alma: eis a missão do terapeuta. Antes da palavra germinar em frases que emanam silêncios incertos, ela está sendo gerada nos territórios mais recônditos do coração. Expressar vida em palavras é um grito de liberdade diante de uma história que está ainda em processo de construção. Ouvir exige atenção, escutar necessita do coração. Muitos ouvem, contudo não escutam. Escutar é deixar que o outro faça do diálogo uma oportunidade de encontro. Quando apenas ouvimos a paciência é limitada. O desejo incontido de dar uma opinião, por mais simples e singela que seja parece incontrolável. Em toda alma há um dispositivo que diz: “Minha opinião é importante!”. Será mesmo? Ouvir não basta, é preciso acrescentar a fala alh

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Como Bleuler tampouco descobriu qualquer doença nova nem desenvolveu qualquer novo tratamento, sua fama assenta, em minha opinião, no fato de ter inventado uma nova doença - e, através dela, uma nova justificativa para se considerar o psiquiatra um médico, o esquizofrênico um paciente e a prisão em que aquele confina este, um hospital" "Antes de 1900, os psiquiatras acreditavam que a paralisia geral era devida à má hereditariedade, alcoolismo, fumo e masturbação." "(...) ao descrever um paciente esquizofrênico, está descrevendo meramente alguém que fala de modo bizarro ou diferente dele, ou quem ele, Bleuler, está em desacordo." "A essência da minha argumentação é que homens como Kraepelin, Bleuler e Freud não eram o que afirmavam ou pareciam ser, notadamente, médicos ou investigadores médicos; eles eram, de fato, líderes e conquistadores político-religiosos." "Szasz citando Laing: 'O homem futuro verá que aquilo a

O Viajante*

“Tudo isso é a passagem aos nossos olhos. E nada disso ela foi outrora.” Walter Benjamin Um amor além desta cidade, O verão queima as casas, os telhados brilham, Um amor além deste lugar, A vida é mais que um prato à mesa, É a fome dos fantasmas que vivem nesta cidade. Um verão a mais na vida dos meus planos, Depois desta cidade não existe mais um lugar para morar sozinho. Um amor além desta cidade só com você, Lá na beira do Sena, irei plantar meu sonho, Ele nunca morreu, irei catar lixo para sobreviver de amor. Irei morar em baixo da ponte para pagar o teu doce preferido, um amor além desta cidade é preciso. Vamos envelhecer longe daqui, que ninguém nos ouça: Vamos embora quando findar o dia, o avião não espera ninguém. Partimos! *Dr. Luis Antonio Paim Gomes Professor. Editor. Poeta. Porto Alegre/RS

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