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Fragmentos Filosóficos Delirantes*


"A concepção mítica da linguagem, que em toda parte precede a filosófica, caracteriza-se sempre por esta indiferença entre palavra e coisa. Para ela, a essência de cada coisa está contida no seu nome. Efeitos mágicos se vinculam de maneira imediata à palavra e à sua posse."

"Se considerarmos o logos da linguagem somente na forma sob a qual ele se representa e cristaliza na palavra isolada, verificaremos que cada palavra limita o objeto que pretende designar, e que, ao limitá-lo, o falsifica. Através da fixação na palavra, o conteúdo é extraído do fluxo incessante do devenir no qual se encontra, sendo, portanto, apreendido não de acordo com a sua totalidade, mas tão somente representado em uma determinação unilateral."

"(...) mesmo a ambiguidade inerente à palavra não constitui uma mera deficiência da linguagem, e sim um momento essencial e positivo da força expressiva que nela reside. Porque nesta ambiguidade se evidencia que os limites da palavra, tais como os do próprio ser, não são rígidos, e sim fluidos."

"A linguagem encerra um sentido oculto a ela própria, que ela somente pode decifrar por conjecturas, através da imagem e da metáfora."

"Leibniz disse certa vez que a natureza gosta de expor abertamente em um ponto qualquer os seus últimos segredos, e, por assim dizer, colocá-los diante dos nossos olhos através de demonstrações visíveis."

"(...) toda forma de espírito verdadeiramente original cria a forma linguística que lhe é apropriada."

"Todo indivíduo fala a sua própria língua."

"A diversidade das línguas não concerne aos sons e signos, e sim às concepções de mundo que lhes são inerentes."

*Ernst Cassirer in "A Filosofia das Formas Simbólicas." I - A linguagem. Ed. Martins Fontes.SP. 2001 

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