Pular para o conteúdo principal

Fragmentos filosóficos, delirantes*



"Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida."

"Não há linha reta, nem nas coisas nem na linguagem. A sintaxe é o conjunto dos desvios necessários criados a cada vez para revelar a vida nas coisas."

"A interioridade não pára de nos escavar a nós mesmos, de nos cindir a nós mesmos, de nos duplicar, ainda que nossa unidade permaneça."

"(...) a mentira não pode ser pensada como universal, visto implicar pelo menos algumas pessoas, que nela acreditam e que não mentem ao acreditar."

"Félix Guattari definiu bem, a esse respeito, uma esquizoanálise que se opõe à psicanálise: 'Os lapsos, os atos falhos, os sintomas são como pássaros que batem com o bico na janela. Não se trata de interpretá-los. Trata-se antes de detectar sua trajetória para ver se podem servir de indicadores de novos universos de referência suscetíveis de adquirirem uma consciência suficiente para revirar uma situação." 

"(...) uma moral da vida em que a alma só se realiza tomando a estrada, sem outro objetivo, exposta a todos os contatos, sem jamais tentar salvar outras almas, desviando-se das que emitem um som demaisado autoritário ou gemente demais, formando com seus iguais acordos/acordes mesmo fugidios e não-resolvidos, sem outra realização além da liberdade, sempre pronta a libertar-se para realizar-se."

"Já não é a sintaxe formal ou superficial que regula os equilíbrios da língua, porém uma sintaxe em devir, uma criação de sintaxe que faz nascer a língua estrangeira na língua, uma gramática do desequilíbrio."

*Gilles Deleuze in Crítica e clínica. Editora 34. SP. 2004

Comentários

Visitas