Lembro-me. Quando
aconteciam tempestades ,
com relâmpagos e
trovões. Mamãe comentava:
- É Deus riscando
fósforos lá no céu
- É São Pedro jogando
bolão com os amigos.
Naquele tempo eu
acreditava... não havia nenhum mal nisso.
Meu pai era um ator do
cotidiano. Representava a vida em formas mais divertidas. Era engraçado.
Gostava de fazer as pessoas rirem...
Eu entendia ele. É que
a vida é pouca para caber num dia. Pouca para caber numa semana. Pouca para
caber num mês. É preciso inventar uma vida a cada dia.
Hoje iludo-me pensando
que entendo tudo isto melhor. Não acredito em vitórias antecipadas. Tenho
dificuldade em acreditar em fatalidades do destino. Entro em briga com ele. E
faço ele jogar a meu favor...
Na monotonia morna de
dias repetitivos, invento tempestades. E não me refugio dentro de casa. Nem
acendo velas para o medo encolhido. Tampouco queimo palmas para a escuridão
cega.
Hoje, prefiro
permanecer na tempestade. Alcanço a minha mão para os relâmpagos. Afino os meus
ouvidos para as músicas dos trovões. E deixo a chuva cobrir o meu corpo para
lembrar de amores...
Afinal. nenhum temporal
é para sempre....
*José Mayer
Filósofo. Livreiro.
Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS
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