A vida nos faz criar diversas expectativas em
relação a nós e em relação aos outros, entretanto expectativas são apenas
expectativas. O desnudar-se de si, o olhar profundo para o EU que habita em
nós, pode trazer verdades nada agradáveis em relação às expectativas criadas
por nós mesmos. Tenho sentido os abismos existenciais que há na relação entre
meu EU e a expectativa que criei do OUTRO.
Nua tenho me sentido, a cada dor e a cada movimento de autoconhecimento, mas não estou lamentando minha historicidade, pois é a única coisa real que tenho. Lamento deparar-me com os aspectos mais obscuros da minha singularidade, embora saiba que temos dois lados lindos: o apolíneo e o dionisíaco.
Uma polaridade não
viveria sem a outra nesse mundo de dualidades e contradições. A dualidade
presente a cada modo de pensar nos diversos papéis existenciais que somos
obrigados a representar socialmente nos deixa escravos da opinião do outro.
Assim é que me parece!!!
Entendo que nem tudo
que parece para meu ser existente parecerá para o outro. O universal não é
confiável, sei que somos singulares, porém, acredito que muitas singularidades
se identifiquem umas com as outras em vários aspectos. Talvez, seja esse um dos
motivos pelos quais, ouso expressar em palavras escritas meu mundo particular.
Se minhas palavras não forem úteis para agradar ou desagradar o leitor não
teria muito sentido, no meu entender, compartilhá-las.
Meu olhar está sempre
em busca de um entendimento do sentido real para o existir. Mesmo que não haja
nenhum sentido real. O discurso da lógica delirante tem se apresentado como uma
nova forma de reinterpretar minha visão cartesiana, diversas outras
possibilidades aparecem diante de minha singularidade quando reflito sobre essa
forma de expressão: a lógica delirante. Muito ainda preciso conhecer sobre essa
lógica, que apesar de sempre ter habitado nosso convívio social, ainda não
tinha sido conhecida de maneira tão clara para meu mundo.
Nua, continuo
caminhando para um encontro comigo. Enquanto caminho por essa estrada longa vou
realizando minha vida da forma menos dolorida possível. Utilizo meus
medicamentos para a alma. Danço a alegria, a tristeza, o amor e a dor.
Movimento meu ser diante de mim e do outro. Leio compulsivamente tudo o que
possa acrescentar esse encontro tão esperado. E, em fragmentos, vou
reconstruindo minha verdadeira singularidade, que se perdeu ao longo de
diversos agendamentos.
Nem sempre estou pronta
para me defrontar no espelho, a nudez me assusta. Contudo tento continuar me
despindo cada vez mais, para quem sabe, um dia, enxergar minha alma!!!
*Vanessa Ribeiro
Professora, dançarina,
atriz, filósofa clínica
Petrópolis/RJ
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