Escrever sobre as
repercussões de um encontro clínico, reivindica deslocar-se em estado de
redução fenomenológica. Se trata de tentar visualizar eventos em sua matriz de
desencadeamento compartilhado, por onde acessos inesperados se descortinam,
sugerem uma dialética nem sempre traduzível.
As poéticas da terapia
esboçam seus inéditos e os ampliam pela interseção bem sucedida. Esses enredos
seriam inimagináveis não fora a alquimia da atuação subjuntiva, a qual,
iniciada na hora_sessão, se multiplica no cotidiano por vir. Dos múltiplos
aspectos sobre seu alcance, sentido, direção, se destaca a alteração dos pontos
de vista. Reinvenção pela aptidão dos procedimentos a se tornar transformação
pessoal pela via da introspecção.
A cooperação da
categoria tempo é fundamental, nesse momento irrepetível, onde uma chave
encontra sua porta. Ao acolher compreensivamente o que ressoa, é possível
modificar representações, redescobrir-se em meio ao ir e vir das conexões.
Os movimentos assim
mencionados possuem um silêncio impregnado de originais. Num presente que se
amplia, outros percursos se realizam na estrutura labirinto. Na companhia da
solidão esses ecos da terapia vão constituindo sentimentos, ideias, sensações.
Sua expressividade atua para organizar-se num agora definitivo. Aqui se trata
do território ampliado pela transcendência, lugar de realidade estranha, onde é
possível, no viés de um segundo, mesclar papéis existenciais.
Esses conteúdos do
encontro expandido continuam atuando após a hora_clínica. Os agendamentos do
Filósofo, ao encontrar acolhimento na perspectiva Partilhante, interagem em
desdobramentos à meia-luz. Assim rememora, desconserta, reelabora, significa
algo mais até então desconhecido, procura um procedimento singular capaz de
fazer ver, assimilar, viabilizar essa via de acesso, por onde a
intencionalidade prossegue sua atividade cuidadora.
Ao estender-se desse
jeito, essa relação atualiza rumores de esboço compartilhado. Com ela é
possível recompor buscas, desconstruir certezas, emancipar tópicos
marginalizados. Esse norte_sul_leste_oeste, utilizando uma matéria-prima
irrepetível em cada pessoa, costuma repercutir-se num processo nem sempre
explicável.
A palavra terapia é a
brisa leve, acolhedora, cúmplice das transgressões aos outros que o mesmo
anuncia. Ao vislumbrar esses instantes, reivindica-se um acordo de vontades, um
chão para compreender a natureza improvável em quase tudo.
*Hélio Strassburger
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