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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) o argumento de cada narrativa é também um testemunho de estranhamento, quando não uma provocação tendente a suscitá-lo no leitor."

"Muito do que tenho escrito ordena-se sob o signo da excentricidade, posto que entre viver e escrever nunca admiti uma clara diferença; (...)"

"(...) como escrevo de um interstício, estou sempre convidando que outros procurem os seus e olhem por eles o jardim onde as árvores têm frutos que são, por certo, pedras preciosas."

"E, contudo, os contos de Katherine Mansfield, de Tchecov, são significativos, alguma coisa estala neles enquanto os lemos, propondo-nos uma espécie de ruptura do cotidiano que vai muito além do argumento.""

"A consequência inevitável de todo orgulho e de todo egotismo é a incapacidade de compreender o humano, de se aproximar dos outros, de medir a dimensão alheia."

"Imaginemos Edgar Poe num dia qualquer de 1843. Sentou-se para escrever numa das muitas mesas (quase nunca próprias), numa das muitas casas onde viveu passageiramente."

"(...) este homem pagou cedo o preço de quem marcha adiante."

"(...) entende que o mundo ideal está em tudo quanto apareça marcado pelo sinal da Beleza."

"Citando Edgar Poe: 'alguns parágrafos da sua Marginalia assumem um tom pateticamente pessoal: 'Entretive-me, às vezes, tratando de imaginar qual seria o destino de um indivíduo dono (ou mais propriamente vítima) de um intelecto muito superior aos da sua raça. Naturalmente teria consciência da sua superioridade e não poderia impedir-se de manifestar essa consciência. Assim faria inimigos em toda parte. E como suas opiniões e especulações difeririam amplamente das de toda a humanidade, não cabe dúvida de que o considerariam louco'. (...)"

*Julio Cortázar in "Valise de Cronópio". Ed. Perspectiva. SP. 2013

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