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Onde pousam as borboletas*


Um perigo ronda
O campo e a cidade
Um homem e uma mulher
Foram vistos fazendo amor
Num campo florido
Tomando banho numa cachoeira
Num amor
Que já não existe mais
Estão desaparecidos
Desde então...
Um terrível perigo
Paira no ar
A civilização ocidental
Corre um perigo iminente
Localizem este homem e esta mulher
Mortos, de preferência
Capturem este casal fugidio
Antes que seja tarde.
Ronda um terrível perigo
No campo e na cidade
O governador decretou
Toque de recolher
O prefeito decretou
Estado de sítio
O FBI e a CIA
Foram acionados
Helicópteros sobrevoam a região
Localizem este homem e esta mulher
Antes que seja tarde.
Todos a postos
Capturem este casal atrevido
Não procurem em Shopping Centers
Muito menos em palácios
Nem tampouco em igrejas frias
Menos ainda em casa de políticos
Procurem nas vielas e nos becos
Ou nos bosques esquecidos
Atentem ao cheiro de corpos e da pele
Vejam onde as borboletas pousam
Onde tocam músicas suaves
Sigam os rastros dos bilhetes de poesia.
Conta-se por aí
Que este homem e esta mulher
Enfeitiçaram um casal de velhinhos
Viraram crianças
E agora cantam e dançam
Pelas ruas da cidade.
Conta-se por aí
Que este homem e esta mulher
Enfeitiçaram crianças na escola
E agora elas brincam e balançam
Pelas praças da cidade.
Um perigo iminente
Ronda o campo e a cidade
Capturem este homem e esta mulher
Antes que seja tarde demais...

*José Mayer
Filósofo. Livreiro. Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS

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