“O novo automatismo de
nada serve por si só se não estiver ao serviço de uma poderosa vontade de arte,
obscura, condensada, que aspira a desdobrar-se em movimentos involuntários que
contudo não a constranjam.”
Gilles Deleuze (A
imagem-Tempo, Cinema 2)
Sou do tipo que utiliza
computador de mesa, um ser quase em extinção disse um dia desse uma voz cifrada
do outro lado do écran. Agora o que mais se fala é da autonomia do cérebro,
pensa em algo, lá está, o significado é o algoritmo da informação; os olhos, a
câmara que move na linguagem cifrada.
Para Deleuze, a
informação aproveita-se de sua ineficácia para alicerçar seu poder. O poder
impotente. O uso da linguagem cada vez mais é dependente das criptografias nulas,
do constructo das linguagens a nudez vira um afronto.
Era tudo que eu queria,
a nudez viver ao lado do que cobre sobre a pele como uso livre da linguagem do
corpo aos olhos do mundo laico. Tudo é uma questão de adaptação ou tudo é uma
questão de tempo para não nos lembrarmos mais do Ser?
O tempo é o passado em
nosso corpo, não conseguimos mais compreender o tempo, então, é melhor esquecer
o tempo nas tentativas de pensar menos, de fazer tudo na medida certa do
descompasso.
A vida é rápida, o
tempo não nos livra de todos os sentimentos. Perdemos horas do nosso tempo no
entretenimento. Morre-se de medo em ver o tempo nos acordar antes de todos em
manhãs pós-golpe. O medo de se sentir útil ao pensamento é mais uma brecha para
o desconhecido. Junte os pedaços e vire a página da intolerância.
O mundo hiper-moderno é
aquele em que a informação é a própria Natureza.
Existem os lados, os
tantos cantos deste mundo em que o pensamento libertário não deixou de
respirar. Um lado dirá, ‒ quase burra, nem um pouco de estilo, muita informação
‒ outro ‒ nenhum pensamento é o que se vê em plataformas diversas ‒ mais outro
‒ tudo é uma questão de rede, ou seja, de sermos caçados por nós mesmo na rede.
É o fim da autonomia? Em absoluto, não.
Minha tela está dando
sinais de finitude, minhas mãos ágeis ainda acompanham o pensamento. O mundo é
tão rápido, os dedos aquecidos pela xícara de café se tornam aquecidos neste
inverno, mas quando o café acabar o que acontecerá?
*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre
Pensador.
Porto Alegre/RS
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