Que farás tu, meu Deus,
se eu perecer?
Eu sou o teu vaso – e
se me quebro?
Eu sou tua água – e se
apodreço?
Sou tua roupa e teu
trabalho
Comigo perdes tu o teu
sentido.
Depois de mim não terás
um lugar
Onde as palavras
ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados
cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla
túnica.
Teu olhar que em minhas
pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por
largo tempo
E se deitará, na hora
do crepúsculo,
No duro chão de pedra.
Que farás tu, meu Deus?
O medo me domina.
*Rainer Maria Rilke
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