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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"O meu êxtase suscitou indizíveis que povoaram a minha imaginação, fomentaram a minha ternura e fortaleceram as minhas faculdades pensantes. Muitas vezes atribuí essas sublimes visões a anjos encarregados de prepararem a minha alma para destinos sobrenaturais. Elas dotaram os meus olhos da faculdade de ver o espírito íntimo das coisas, prepararam o meu coração para as magias que fazem o poeta infeliz, quando ele tem o fatal poder de comparar o que sente com o que existe."

"(...) teve os olhos constantemente fixos no rio, mas pela maneira por que escutava, dir-se-ia que, à semelhança dos cegos, sabia reconhecer as agitações da alma nas imperceptíveis modulações da palavra."

"(...) Era assim que ampliava, sem saber, o sentido das palavras, e que arrebatava nossa alma para regiões sobre-humanas."

"O seu rosto é daqueles cuja semelhança exige o inatingível artista cuja mão sabe pintar o reflexo dos fogos interiores, e reproduzir essa penumbra luminosa que a ciência nega, que a palavra não traduz, mas que um amante vê."

"Ponham-nas num meio em que tudo é dissonância, essas pessoas sofrerão horrivelmente, ao passo que o seu aprazimento chegará até à exaltação, se encontrarem as ideias, as sensações ou os entes que lhes são simpáticos."

"(...) Um órgão expressivo dotado de movimento se exercita então em nós no vácuo, apaixona-se sem objeto determinado, produz sons sem produzir melodia, faz ouvir acentos que se perdem no silêncio."

"(...) Encontram-se nele o homem e o enfermo, duas naturezas diferentes, cujas contradições explicam muitas singularidades."

"Saí para o campo, em busca de flores (...) admirando-as, refleti que as cores e as folhagens tinham uma harmonia, uma poesia que penetrava na mente, enfeitiçando o olhar, do mesmo modo que as frases musicais acordam mil reminiscências nos corações amantes e amados."

Honoré de Balzac in "O lírio do vale" W. M. Jackson INC. Editores. SP. 1963

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