A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas
campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas
folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas
piscinas
de ilusionismo... —
mais nada.
Mas a vida, a vida, a
vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus
braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite
escura.
Não te encontro, não te
alcanço...
Só — no tempo
equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me
leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida,
a vida,
a vida só é possível
reinventada.
*Cecília Meireles
Comentários
Postar um comentário