“(...) Suas palavras
chegavam aonde outros não conseguiam.”
Virginia Woolf
Um dizer protagonista
aprecia surgir na vida do texto. Sua mensagem parece se divertir em passar
despercebida a primeira vista. A textura inaudita ressoa poesia, musicalidade,
convida ao sonho da vida real.
Sua eficácia parece
estar associada à multiplicação dos significados, reinvenção dos sentidos,
descrição de um discurso a se traduzir como a própria autoria. Com ele a
pluralidade de eventos, personagens se desdobra nas páginas da obra, uma trama
convidativa às transgressões do leitor singular.
A essência da leitura
parece ser a qualidade da interseção entre autor e leitor. As revisitas ao teor
discursivo inicial, recheado de nuanças, brechas, incompletudes, dão boas
vindas ao estranhamento dos originais. Esses momentos restariam perdidos sem a
aptidão multiplicadora das palavras.
Uma de suas
expressividades é apontar o que não pode ser dito naquilo que se diz. Assim uma
apercepção se desenha nos refúgios da folha recheada de frases, parágrafos,
conjugações. Seus acenos sugerem segredos à deriva da vontade inicial.
A relação leitor_autor,
ao transcrever os trajetos por si mesmo, reivindica leituras e releituras para
compreender a lógica das fontes. Lugar de onde a poética evidencia rastros ao
território das originalidades. As páginas diante de si se instituem como
vivencias subjetivas.
O leitor, agora autor impróprio, a partir
dos enredos de transgressão, concede suas próprias representações ao texto de
partida. A biografia de cada um pode ser descoberta na escolha dos termos, nos
encontros da estrutura significante com as derivações da leitura incomum. Essa
prática reivindica um saber de periferia, onde o pensar de um é o pensar de
outro.
A intencionalidade dos
rascunhos se oferece na descrição literal para transbordar na palavra transcendência.
Fonte de matéria-prima onde a escritura se abastece para transcrever suas
visões. Ao ser esboço numa arquitetura pessoal, aguarda a interseção para
traduzir singularidades.
*Hélio Strassburger
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