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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Nos poemas manifestam-se forças que não passam pelos circuitos de um saber"

"A imagem torna-se um ser novo da nossa linguagem, expressa-nos tornando-nos aquilo que ela expressa - noutras palavras, ela é ao mesmo tempo um devir de expressão e um devir do nosso ser. Aqui, a expressão cria o ser"

"(...) todo leitor que relê uma obra que ama sabe que as páginas amadas lhe dizem respeito"

"Tornar imprevisível a palavra não será uma aprendizagem de liberdade ? Que encanto a imaginação poética encontra em zombar das censuras!"

"Os verdadeiros bem-estares têm um passado. Todo um passado vem viver, pelo sonho, numa casa nova"

"Assim uma imensa casa cósmica existe potencialmente em todo sonho de casa. De seu centro irradiam-se os ventos e as gaivotas saem pelas janelas. Uma casa tão dinâmica permite ao poeta habitar o universo. Ou, noutras palavras, o universo vem habitar sua casa"

"Começara por ter a casa; depois, aumentando o gosto pela posse, acrescentara o jardim, depois o bosquezinho, etc. Tudo isso só existia em sua imaginação; mas bastava para que essas pequenas posses quiméricas adquirissem realidade aos seus olhos. Falava delas, desfrutava-as como de coisas verdadeiras; e sua imaginação era tão forte que eu não ficaria admirado se o visse preocupado com a situação de sua vinha de Marly durante as geadas de abril ou maio" 

"Alojado em toda parte, mas sem estar preso a lugar algum: essa é a divisa do sonhador de moradas"

"Quando um sonhador reconstrói o mundo a partir de um objeto que ele encanta com seus cuidados, convencemo-nos de que tudo é germe na vida de um poeta"

"Mas o verdadeiro armário não é um móvel cotidiano. Não se abre todos os dias. Da mesma forma a chave, de uma alma que não se entrega, não está na porta"

"Em seu frescor, em sua atividade própria, a imaginação torna estranho o familiar. Com um detalhe poético, a imaginação coloca-nos diante de um mundo novo. Consequentemente, o detalhe predomina sobre o panorama. Visto das mil janelas do imaginário, o mundo é mutável"

*Gaston Bachelard in "A poética do espaço". Ed. Martins Fontes. SP. 2003.

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