“A poesia se torna (...
) se reduzida à sua essência silenciosa: um andamento e um desdobramento de
puras relações, isto é, a mobilidade pura.”
Maurice Blanchot
Entre a ponte e o
continente, estamos nos dois lados ao mesmo tempo. Percorremos os caminhos na
metáfora da liquidez, o lado mais próximo da salvação é se distanciar das
promessas, da segurança garantida que tínhamos sob a égide de um tempo de
racionalidade fácil.
O mundo antes de sua
liquidez explodiu. Antes mesmo de juntarmos os pedaços, a razão não deixou de
espiar o presente com os olhos no futuro, a razão flertou com o lado mais duro
da vida. Sempre penso: se sairmos desta armadilha, quantas outras teremos pela
frente? A crítica enfurecida da modernidade bem que tentou, demonizou o quanto
pode as formas lúdicas de vivenciar e constatar o mundo em movimento.
A socialidade, o
vivencial foi resgatado no lúdico, entre a forma e o conteúdo, vieram “baumans”
na fluidez dos acontecimentos e das rupturas com verdades eternas.
Na tradição anárquica e
libidinosa do pensamento ocidental, na esteira humanista de pós-iluministas,
homens com sensibilidade rara souberam prover-se com o que havia de melhor dos
signos, das significações de um tempo em que estar face a face era produto da
responsabilidade social para uma responsabilidade que o “eu” e o “nós” nos
enredamos em Ato e Vida.
Bauman foi um desses,
humanista, homem de pensamento que via no Outro o seu lado mais responsável. Se
ver nele mais um igual sem fronteiras. Humanos simplesmente. Precisamos de
homens assim, de Bauman na simetria dos significados e das responsabilidades é
“que a liberdade do eu ético seja talvez, paradoxalmente, a única liberdade que
se veja livre da sombra ubíqua da dependência.”
*Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre
Pensador.
Porto Alegre/RS
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