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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Na era moderna, uma das mais ativas metáforas para o projeto espiritual é a Arte. As atividades do pintor, do músico, do poeta, do bailarino, uma vez reunidas sob essa designação genérica (um gesto relativamente recente), mostraram-se um lugar particularmente propício à representação dos dramas formais que assediam a consciência, tornando-se cada obra de arte individual um paradigma mais ou menos perspicaz para a regulamentação ou a reconciliação de tais contradições"

"Embora não seja mais uma confissão, a arte é mais do que nunca uma libertação, um exercício de ascetismo"

"A história da arte é uma sucessão de transgressões bem-sucedidas"

"O silêncio também existe como uma punição - na loucura exemplar de artistas (Holderlin, Artaud) que demonstram que a própria sanidade pode ser o preço da violação das fronteiras aceitas da consciência e, com certeza, nas penalidades (que vão da censura e da destruição física das obras de arte às multas, ao exílio, à prisão do artista) impostas pela sociedade face ao inconformismo espiritual ou à subversão da sensibilidade do grupo, por parte do artista"

"O silêncio continua a ser, de modo inelutável, uma forma de discurso (em muitos exemplos, de protesto ou acusação) e um elemento em um diálogo"

"Oscar Wilde salientou que as pessoas não viam os nevoeiros antes que certos poetas e pintores do século XIX lhes ensinasse como fazê-lo (...)"

"Como diz Jaspers: 'Já é muito ver alguma coisa claramente, pois nós não vemos nada claramente"

"O espectador se aproximaria da arte como o faz de uma paisagem. Uma paisagem não exige sua 'compreensão', suas imputações de significado, suas angústias e suas simpatias; ao contrário, requer sua ausência, solicita que ele não acrescente nada a isso"

"Como algumas pessoas atualmente sabem, há modos de pensamento que ainda não conhecemos"

"Em explícita revolta contra aquilo que se considera a vida classificada e dessecada da mente comum, o artista lança um apelo pela revisão da linguagem" 

"(...) a obra de arte eficaz deixa o silêncio em seu rastro. O silêncio, administrado pelo artista, é parte de um programa de terapia perceptiva e cultural, calcado frequentemente mais no modelo da terapia de choque que no da persuasão"

"(...) a busca de expressão do inexprimível é assumida como o próprio critério da arte (...)"

*Susan Sontag in "A vontade radical". Ed. Companhia de Bolso. SP. 2015.

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