Existe um lugar onde é possível reinventar-se em vida. Nesse
refúgio intersubjetivo é crível desfazer e refazer as coisas, segredar
vontades, qualificar ensaios existenciais, traduzir sonhos. Num contexto de
significação flutuante, ampliam-se horizontes numa arte do encontro.
Em um espaço de acolhimento, cultivo, reciprocidade, as
narrativas compartilhadas sugerem uma hermenêutica do estar junto. Atiça
expressividades na integração das incompletudes. Em busca de fluência
discursiva, ao instituir um novo território, aponta originais no ângulo fugaz
do instante.
Algo mais acontece quando duas ou mais pessoas se encontram.
Seu teor de abrigo é um farol na solidão dos exílios. Sua matéria-prima é a afinidade
das palavras, por onde um extraordinário encontro se realiza. Com essa
integração provisória da malha intelectiva, institui-se um chão para se ousar o
não pensado, cogitado, tentado.
Nessa reunião de
vontades, acessada numa determinada sintonia, é possível transcender em direção
ao outro. Em um empreendimento comum, emancipam-se os limites da singularidade,
institui-se um diálogo com as lógicas da diferença. Na unidade provisória de um
talvez, é possível localizar ilegibilidades. Ponto de partida a descrever
vontades, traduzir representações.
Para essa exploração compartilhada reivindica-se,
preliminarmente, uma disposição fenomenológica e a hermenêutica compreensiva. A
partir da adequada leitura da estrutura de pensamento, é possível elucidar equivocidades
discursivas, esboçar uma estética a cultivar afinidades. Mais que entendimento,
propõe uma atitude de inclusão e partilha. Aqui se trata de conjugar como
elaborar, prosperar. Reivindica-se o acesso aos possíveis e inacreditáveis
eventos.
Nesse sentido, sua junção concede visibilidade aos tempos
verbais desconsiderados. Seu teor de novidade, ao ser desenvolvimento
interpessoal, qualifica processos de libertação criativa. As conjugações
existenciais possuem fluidez nas pronúncias no viés da interseção. Com a
desconstrução dos isolamentos, tendo como ponto de partida o texto silenciado, insinuam-se
rituais de novidade. Neles um significado inédito se reapresenta na perspectiva
dos encontros.
*Hélio Strassburger
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