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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Rousseau escreveu: 'Sabeis que a verdade, seja qual for, muda de forma segundo a época e os lugares, e que se pode dizer em Paris o que, em dias mais felizes, não se poderia dizer em Genebra'" 

"Cada jogo de luz pode valorizar este ou aquele perfil às custas dos outros"

"(...) Essa historicidade não significa necessariamente relativismo, mas faz da inserção do leitor e do texto em seus horizontes históricos a condição da compreensão"

"(...) como não aplicar ao Rousseau dos 'Devaneios' a descrição de Narciso feita por Gaston Bachelard: 'Mas Narciso na fonte não está somente abandonado à contemplação de si mesmo. Sua própria imagem é o centro de um mundo. Com Narciso, para Narciso, é toda a floresta que se mira, todo o céu que vem tomar consciência de sua grandiosa imagem'"

"Ler Rousseau é, pois, ler em seu texto não somente uma teoria, mas a expressão de certo ritmo existencial, o destino excepcional de uma consciência singular"

"Se o olhar do 'espectador' se tornou cego para as evidências do coração inocente, a própria natureza torna-se invisível para todo olhar"

"A leitura deve ultrapassar a obra em direção ao silêncio que a precede e de onde extrai seu sentido mais profundo. Pois a experiência da ruptura é também a experiência que explica o próprio projeto de escrever: para Rousseau, afirma Starobinski, escrever torna-se necessário justamente com a experiência da impossibilidade da comunicação imediata"

"Rousseau no 'Persifleuer': '(...) Nada é tão diferente de mim quanto eu mesmo, é por isso que seria inútil tentar me difinir exceto pr essa variedade singular (...) Em resumo, um Proteu, um camaleâo,uma mulher são seres menos mutáveis do que eu'"

"Sobre Rousseau: (...) Ele é o urso que escolhe a solidão quando poderia viver em Paris; todas as suas escolhas, enfim, todo o estilo de sua existência cotidiana o designam como alguém que escapa à norma e se expõe às mais pérfidas interpretações"

*Bento Prado Jr. in "A retórica de Rousseau". Ed. Cosacnaify. SP. 2008. 

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