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Ilusão*


“Ouvir meras fábulas talvez não seja o programa favorito de vocês – talvez queiram ouvir A VERDADE. Bom, se é isso que vocês querem, então é melhor procurarem outro lugar – mas juro pela minha vida que não posso dizer exatamente que lugar é esse.”  Paul K. Feyerabend

O momento em que começamos a pensar mais e mais sobre o mundo, sobre os mistérios que envolvem um mundo coerente e a incoerência que temos em vivenciá-lo. Todos vivem no mesmo barco, a nau do mundo é a mesma no plano teórico no que concerne ao corpo, na relação do corpo com o mundo.

Como proferiu Feyerabend em uma de suas últimas conferências, “Ademais, os cientistas, os senhores da guerra, os esfomeados e os abastados são todos seres humanos”. Existe uma ponte imaginária nesta minha perspectiva, pois, se estou a pensar em português (ironia da reflexão), é a busca cotidiana de conhecer a natureza do mundo.

Não há pretensão nisso, a pior arrogância e delimitar o pensamento em uma representação do pensamento apenas especializado. Quando nos deparamos, por exemplo, com a dor, quando ficamos dias e dias na insônia, quando a produção diária e a queima de energia é melhor que deitar, é quando penso: estamos num dilema, ou salvamos a razão, ou aprimoramos a vida.

Uma maneira básica de começar, quando se chega a meio século, é naturalmente intensificar o movimento, principalmente do corpo. Mesmo assim somos traídos por uma cultura racional instintiva da modernidade que é o consumo desenfreado. Em todas as áreas e partes misturamos o que é bom e o que é ruim, somos iludidos por nossas ações, mas muitas vezes, nos recuperamos diante do inesperado que sempre aparece, seja, no acordar cedo para ir mover-se na água, na quadra, nas ruas, no campo aberto etc.

Nem estou pensando em Descartes na sua moral em dizer que a realidade está objetivamente em suas causas. Pretérito, meu caro. A reflexão vem sim, distante, de uma melhor descrição coerente de tudo existe. Platão fazia, então, precisamos nos aprimorar sobre o que existe, sempre foi assim, acontece que hoje existem formas de ir por estes caminhos.

Uma alternativa, a circularidade de uma hermenêutica oriental, outros roteiros que possam envolver o corpo e a mente. Não sou adepto do experimentalismo por ser um homem do meu tempo. Adeptos ou não, o mundo bem que podia se conectar de forma mais harmoniosa, mas é tão difícil quando nem mesmo ainda temos a capacidade de recomeçar do nada e fazer as coisas todas num só dia. Depois, voltar a pensar sobre tudo, ou esquecer tudo para não perder o outro dia que está prestes a nos acordar.

*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS

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