“[...] mas só porque
tínhamos de nos cingir aos fatos não queria dizer que devíamos deixar de pensar
ou não era permitido usarmos a nossa imaginação...”
Paul Auster
A verdade é que quando
escrevemos, digo, escrevo no impulso. A razão nunca abandonou-me, exceto no
momento em que tenha perdido totalmente a fé na lei sonhada pelos homens,
regida por uma onipotência, vontade acima dos homens, exceto, diante da razão
traiçoeira. A razão ou fé, pensei: a luz no fim do túnel, é a única que me
engana [...]
Andei pensando em fazer uma saída do Rio Grande do sul, ou seja,
esquecer por lapso de tempo não compreendido, levar a bandeira da vitória ou da
derrota, pior, achar que se é na identidade que a alma deva ser
reconfortada...Me perco, estou à deriva. Os braços avançam pretensamente à
margem do nunca encontrado outro lado da paz. Um rio tem sua extensão de medo e
finitude. A existência requer mais do que braços longos e ágeis, precisa ter
técnica, unidade e fragmento a cortar o frio, a perfurar o peso volumoso das
águas.
Não interessa a louca,
a boca, a secura do tempo, do corpo, do lânguido ao úmido, do torpe ao
racional, do tiro no escuro à clareza das ideias. Sempre haverá um meio termo
do absoluto, uma tentativa de completude sem que se feche para a escritura.
Melhor seria não ter que prestar atenção aos determinantes.
O acaso é uma
quebra de registro, um protocolo que deixa de impor verdades. Existe razão nos
descontínuos pensamentos. Há de existir bons sentimentos diante de tanta
desesperança, penso enquanto tomo meu último gole de água e perco-me nas águas
de um rio sem fim.
*Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre
Pensador.
Porto Alegre/RS
Comentários
Postar um comentário