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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) temos de descobrir a linguagem, como estamos descobrindo o espaço; o nossos século será, talvez, marcado por essas duas explorações"

"(...) os desvios (com relação a um código, a uma gramática, a uma norma) são sempre manifestações de escritura: onde se transgride a norma, aparece a escritura como excesso, já que assume uma linguagem que não estava prevista"

"O escritor está condenado a trabalhar sobre signos, para variá-los, desabrochá-los, não para deflorá-los: a sua forma é a metáfora, não a definição"

"Repetir o exercício (ler várias vezes o texto) é liberar pouco a pouco os seus 'suplementos'"

"De todas as matérias da obra, só a escritura, com efeito, pode dividir-se sem deixar de ser total: um fragmento de escritura é sempre uma essência de escritura. Eis por que, quer se queira quer não, todo fragmento é acabado, a partir do momento em que é escrito"

"(...) a escritura começa onde a fala se torna impossível"

"(...) a origem de uma fala não a esgota: uma vez que uma fala se tenha lançado, mil aventuras lhe acontecem, a sua origem torna-se turva, nem todos os seus efeitos estão na sua causa; é esse excedente que interrogamos"

"Sabemos agora que um texto não é feito de uma linha de palavras a produzir um sentido único, de certa maneira teológico, mas um espaço de dimensões múltiplas, onde se casam e se contestam escrituras variadas, das quais nenhuma é original: o texto é um tecido de citações, oriundas dos mil focos da cultura"

*Roland Barthes in "O rumor da língua". Ed. Martins Fontes. SP. 2004.  

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