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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"O devaneio poético é sempre novo diante do objeto ao qual se liga. De um devaneio a outro, o objeto já não é o mesmo; ele se renova, e esse movimento é uma renovação do sonhador"

"Não saberíamos, sem os poetas, encontrar complementos diretos do nosso cogito de sonhador. Nem todos os objetos do mundo estão disponíveis para devaneios poéticos. Mas, assim que um poeta escolheu o seu objeto, o próprio objeto muda de ser. É promovido à condição de poético"

"Temos tanta necessidade das lições de uma vida que começa, de uma alma que desabrocha, de um espírito que se abre!"

"Ver e mostrar estão fenomenologicamente em violenta antítese"

"No devaneio retomamos contato com possibilidades que o destino não soube utilizar. Um grande paradoxo está associado aos nossos devaneios voltados para a infância; esse passado morto tem em nós um futuro, o futuro de suas imagens vivas, o futuro do devaneio que se abre diante de toda imagem redescoberta"

"(...) é preciso ler um grande livro duas vezes: uma 'pensado', como Taine, outra sonhando, num convívio de devaneio, com o sonhador que o escreveu"

"(...) Pois o alquimista é um sonhador que quer, que goza em querer, que se magnifica no seu 'querer grande'. Ao invocar o ouro - esse ouro que vai nascer no subterrâneo do sonhador -, o alquimista pede ao ouro, como outrora se pedia a Indra, para 'criar vigor'. E é assim que o devaneio alquimista determina um psiquismo vigoroso" 

"(...) ouvindo certas palavras, como a criança ouve o mar numa concha, um sonhador de palavras escuta os rumores de um mundo de sonhos"

*Gaston Bachelard in "A poética do devaneio". Ed. Martins Fontes. SP. 2001.

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