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O Tempo Outro*


“Não há outro tempo que o agora, este ápice
Do já será e do foi, daquele instante...”
Jorge Luis Borges (O passado)

Ao descobrir o que há por detrás daquela parede, descubro o outro lado, ao descobrir o outro lado, busco o que existe dentro de mim, o desconhecido. Vivemos trancafiados no mundo real, ideias desviam-se dos acontecimentos. O Real nos deixa mais vulneráveis às extremidades da mente, fazer o resumo das coisas, viver a realidade que inventaram, forjar outra. A tentativa de viajar no Outro é a busca de si no que há de diferente no tempo presente; ao passado, a tentativa de olhar com os olhos livres da realidade, que se afirmaram por estar indo ao futuro.

A engrenagem, dizia Sartre. Digo, reatividade, se o tempo é descontínuo, Levinas estaria a me levar ao descontínuo do tempo que constitui a reserva das ideias sobre o Tempo. Pensar e viver o tempo, como o filósofo pergunta, por que é preciso ir para o bem, o mal, a evolução, as fraturas, as separações? Por estarmos diante de que o “recomeço no tempo descontínuo traz a juventude e a infinitude do tempo”.

O que vejo sempre quando ouço uma história, um pequeno relato, a descrição que me encanta. O que ouço logo cai num buraco desconhecido do meu entendimento: o desconhecido mais íntimo de mim esquece o que chegou e permito-me esquecer, momento. Logo começo a perceber o tipo de desconhecido, experiências internas que acabam de ganhar espaço no meu tempo do pensar.

*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS

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