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Fragmentos filosóficos delirantes XLII* "Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de saída a minha estrada entortou Mas vou até o fim" "Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu" "Não sei se você ainda é a mesma Ou se cortou os cabelos Rasgou o que é meu Se ainda tem saudades E sofre como eu Ou tudo já passou Já tem um novo amor Já me esquece" "Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio o vento Na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade" "Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incômodo no caminho da multidão" *Chico Buarque de Holanda
A vertigem precursora* “Um símbolo sempre ultrapassa aquele que o usa e o faz dizer na realidade mais do que tem consciência de expressar.” Albert Camus Em um mundo onde a versão aceitável é a capacidade de se ajustar, é possível perceber a semelhança entre robôs, plantas e homens. As práticas ideológicas para manutenção da normal-idade estão distribuídas na invisibilidade cotidiana. No ritual bem pensado dos estádios de futebol, escolas, igrejas, hospícios se controla a produção do saber para manutenção do mundo vegetal. Mesmo assim algo mais se oferece num esboço fora da lei. Interseção por onde se procura uma saída dessa zona de conforto que sufoca. Esse lugar difuso oferece vertigens como porto de partida aos navegantes descobridores. O desmaio, a sensação de exclusão ou a lágrima, buscam uma entrada de ar para a singularidade desperdiçada. Como versão desclassificada aos códigos reconhecidos, o pré-sujeito assim disposto, além de estar perdido diante das novas verdades,
Jardins internos Sandra Veroneze Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Uma as imagens mais inspiradoras que guardo na memória, provavelmente fruto de alguma leitura, é de uma bela moça caminhando em seu jardim. O toque poético fica por conta do tempo e espaço. Estamos na Grécia Antiga. E o movimento é de todo especial: caminha firme, suavemente, com aquele magnetismo próprio de quem sabe quem é, de onde veio e pra onde vai. Freud certamente explicaria. O fato é que esta imagem produz em mim efeito centrífugo. Por mais dispersos e fragmentados que estejam pensamentos e emoções, ao toque dela tudo pára, aquieta. Por uma fração de infinito, ousaria dizer, consigo ouvir aquilo que talvez possa ser chamado de a voz do silêncio. A relevância desse delírio, devaneio, esforço imaginativo ou qualquer outro nome que se dê, só se justifica nos limites dos meus próprios jardins internos. E não é pouca coisa, se julgarmos que cada ser humano é único, um universo em si mesmo. Quando me proje
Desvelando a Subjetividade Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Juiz de Fora/MG Quando nos deparamos com uma pessoa, criamos diversos juízos a seu respeito. E, em determinado momento, ou após longo tempo de convivência, costumamos dizer que a pessoa mostrou o que realmente era, que agora revelou sua identidade. No entanto, o foco deste texto não será as pessoas observadas, mas o observador. Será que as pessoas escondem tanto o que elas são? Será que o mundo é regido por dissimulação e falsidade? Pode a sociedade ser tão corrompida que a melhor forma de sobreviver é corromper a imagem pessoal diante dela? Suspeito que não. Às vezes somos nós, os observadores, que tendemos a olhar as pessoas com os nossos “pré-juízos”, nossas concepções e generalizações adquiridas ao longo da vida. Daí, no momento em que o reconhecimento atravessa a superficialidade, o véu é rasgado, e deixamos a visão inicial de lado. Quando aprofundamos nosso conhecimento acerca da pessoa com a qual no
Escolher para ter ou ser?* O futuro é um passado que ainda não se realizou. Clarice Lispector Os critérios de escolha do papel existencial acompanham a singularidade. Em meio às construções e desconstruções trilham seu caminho rumo às várias possibilidades. Obstáculos e dúvidas perpassam o caminho da maioria. O sucesso profissional tem muitas vezes, em suas raízes, momentos de incerteza e insegurança. Nesse sentido encontramos histórias curiosas, desafiadoras, intrigantes e aventureiras. Fruto de estruturações tópicas que determinam o compasso de cada pessoa. A representação de mundo girando entorno de status e retorno financeiro, são fatores influentes nessa escolha, para algumas pessoas. Buscam uma profissão que responda tal necessidade, pois, para eles, é importante estar bem colocado no mercado e ocupando um lugar de destaque perante a sociedade. Do outro lado encontramos os peregrinos em seu próprio mundo. Para esses a única certeza é o caminho: estradas, trilhas,

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