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Sexo e Desejo Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Corpo quente e ardente de tanto querer. Alma saindo pelo coração de tanta paixão. Humanos sedentos de encontro e tesão. Tudo seria lindo e perfeito se compreendessemos nosso corpo do desejo. Com certeza o sexo seria poesia e a alma agradeceria. Mas, somos humanos, demasiadamente humanos com todas as imperfeições que temos direito. Aprendizes, se humildes. O desejo nasce da falta. O que nos falta? Nos falta o outro. Assim nosso corpo deseja a fusão para sentirmos, por um só momento, plenos. Somos todos seres incompletos na falta. Desejosos do gozo, do nirvana , do morrer e do nascer no encontro. Por que então o sexo não tem cumprido sua função transcendente? No tempo que a imagem se faz mais importante, o foco não é mais o encontro, porém o desejo narcisista de se mostrar para seduzir e competir. Busca-se o corpo ideal renascentista, sempre jovem. E como a maioria não serve para capa de rev
Debaixo de sol e chuva Luana Tavares Filosofa Clínica Niterói/RJ Nos nasceres e ocasos, percebemos o tempo, o vento, o cotidiano e tudo o que nos aquece ou nos esfria. Percebemos o mundo girar e caminhar em direção ao que não importa, pois ninguém nos pergunta se queremos ir ou não. Tal como o olhar do pescador que se perde no horizonte e cumpre seu destino desvendando o improvável – apenas pelo sentir da serena brisa na face ou pelo tremular da onda que vem ao longe – também somos impelidos aos dias e noites, como marionetes que indagam e que se encantam, sem saber exatamente pelo que. E assim, da mesma forma que o pescador pressente as respostas, mas não interfere, apenas observamos e executamos nossa parte, na rede quase eterna que mal começamos a vislumbrar. Vivemos num mundo e numa época de extremos, onde o que é percebido nem sempre coincide com a realidade. Na estreita faixa atmosférica na qual organizamos nossa realidade, nem sempre chove ou faz sol; na verdade, nem
CONJUGAÇÕES NO TEMPO DE AMAR Will Goya Filósofo Clínico, Poeta. Goiânia/GO Caminhava à janela por um instante de vida, para vê-la. Ela sorriu pra mim. O que dizer? Meus pensamentos tinham perfume, cheiro de céu azul. As palavras de tão leves desapareciam-me como folhas de arco-íris ao vento... Sem corpo, sem licença, eu me abandonei a ela Como quem se abandona à cama, ao sabor do sono, Com desejos de sonhar. Ainda que estivéssemos no inverno, A aurora, que doura todas as coisas, queimava Emoções de baunilha em toda parte. O vento morno da primavera lhe arrancava pedaços De um fino e discreto cheiro gostoso de mulher, Que em mim se deitava à pele. Sua honestidade silenciosa de apenas me olhar e me sorrir Ardia-me um desejo de ter direito a uma ternura Inesperadamente minha, Que não era outra coisa se não vida. Nos corredores da faculdade em que eu lecionava, as portas das salasde-aula tinham pequenas janelas de vidro. Então imaginei com os meus sentimentos
Fragmentos filosóficos delirantes LXXIII* "Ele perde tudo - até a si mesmo. É só tocar o fundo de um inferno sem Deus, que a identidade desaparece." "Ele não diz quem é porque não sabe. Seu nome é uma mentira, e com essa mentira desaparece a realidade de seu mundo." "Pedir vida as palavras é arriscar-se a ser esmagado por elas." "A obra que desperta nosso senso de literatura, que nos dá um novo sentimento do que a literatura pode ser, é a obra que muda nossa vida. Muitas vezes, parece improvável, como se surgisse do nada, e por estar tão implacavelmente fora da norma, não temos escolha a não ser criar um novo lugar para ela." "O indizível gera uma poesia que ameaça continuamente ultrapassar os limites do dizível." "O poeta como errante solitário, como um homem na multidão, como um escriba sem rosto. A poesia como uma arte da solidão." "Poesia é exílio e uma forma de chegar a um acordo com o exílio que, de a
Alquimias* Arquétipos, milagres, feitiços, Muambas, mucambos, tendas, Atabaques, rituais, senzalas, Danças, molejos, desenvoltura, Cor, sabor, agridoce, Suor, calor, frescor, Banho de mar, de lua, de sol, Território de promessa, Miscelânea de ilusões, paixões, ressacas, Saudades, ruas desertas, um talvez, Viagens, utopias, poesia, Sereias, elfos, fada, Tachos, riachos, sonhos, Miragens, vadiagens, orgasmos, Pinturas, texturas, aromas, Interseção supernatural, filosofia, *Anônimo,
Fragmentos filosóficos delirantes LXXII* "Para compreender o delírio devemos fazer um salto de um mundo vital para outro, no qual todos nós temos uma obscura aptidão, não pelo fato de termos delirado, mas porque podemos fazê-lo" "Quando a vida se torna invivível, deve-se inventar uma vida nova" "No decorrer da existência, cada indivíduo experimenta, então, diferentes versões de si mesmo, que incluem trechos não traduzidos na linguagem das camadas seguintes" "O sujeito delirante é incoerente e absurdo somente em relação ao mundo compartilhado, porque é muito coerente e razoável na ótica do mundo 'substituto'" "O delírio dilacera o cenário opaco do mundo da vida, dado por todos como pressuposto, e o coloca em discussão abertamente. Onde nada é óbvio, tudo deixa de ser familiar, tudo é submetido a um exame cuidadoso e a uma revisão radical" "Mais do que um defeito ou uma ausência, encontra-se no delírio uma plenit
Um copo de leite e duas vidas Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Há histórias que podem mudar nossa maneira de pensar e olhar para a vida. Não sei se a história que vou lhes contar é verdadeira ou não. Mas de uma coisa eu sei: ela pode modificar seu modo de ver o mundo. Ela pode tornar você uma pessoa mais agradecida. Havia um menino muito pobre. Vendia doces para ajudar a família. Muitas pessoas fingiam que ele não existia. De fato, milhões são os invisíveis de nossa sociedade. Você se lembra de alguém que fingiu não existir? Certa manhã fria, este mesmo menino bateu à porta de uma casa, na qual morava uma moça muito pobre, porém o coração da mesma era de uma solidariedade imensa. Ao se deparar com aquele menino de olhar triste e trajes humildes, seu coração foi tocado de uma ternura e compaixão sem limites. Ela disse a ele que não possuía um centavo naquele dia, o que de fato era verdade. No entanto ela o convidou para adentrar em sua humilde casa e l
Porque nada está pronto* “Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam” (João Guimarães Rosa) Em nenhum lugar está escrito que a vida seria um mar de rosas em tempo integral. O mais provável é que os caminhos sejam, para a grande maioria dos seres mortais, de desafios que alternam as estruturas e surpreendem até a si mesmos, sem prévio aviso e regado com profusão de ritmos. Mas parece que de alguma forma acreditamos nesta possibilidade. Nesta esperança que impulsiona sentires em direção a algo no qual acreditamos. Todo amanhecer pressupõe renovação, até mesmo quando nada se manifesta. É como uma flecha se encaminhando de forma precisa para onde supomos não haver nada. Quantos vazios se escondem na multidão... quantos temores vãos se reconhecem e se proliferam, na tentativa de ganhar espaço nas veias abertas das dores e dos dissabores... quantos

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