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Uma hora para a loucura e a alegria*

Uma hora para a loucura e a alegria! Ó furiosos! Oh, não me confinem! (O que é isto que me liberta assim nas tempestades? Que significam meus gritos em meio aos relâmpagos e aos ventos rugidores?) Oh, beber os delírios místicos mais fundamente que qualquer outro homem! Ó dolências selvagens e ternas! (Recomendo-as a vocês, minhas crianças, Dou-as a vocês, como razões, ó noivo e noiva!) Oh, me entregar a vocês, quem quer que sejam vocês, e vocês se entregarem a mim, num desafio ao mundo! Oh, retornar ao Paraíso! Ó acanhados e femininos! Oh, puxar vocês para mim, e plantar em vocês pela primeira vez os lábios de um homem decidido. Oh, o quebra-cabeça, o nó de três voltas, o poço fundo e escuro – tudo isso a se desatar e a se iluminar! Oh, precipitar-me onde finalmente haverá espaço e ar o bastante! Ser absolvido de laços e convenções prévias, eu dos meus e vocês dos seus! Encontrar uma nova relação – desinteressada – com o que há

Sobre os deslizes das margens*

                                   Um cotidiano inacreditável aprecia sorrir enigmas a quem possui apenas certezas. Sua fonte de surpresas faz explodir a lógica bem ajustada dos princípios de verdade. Nesse saber estrangeiro, que se insinua por aí, existe um querer de erudição e pluralidade estética. A dialética dessas expressividades se mostra nas preferências, gosto, atitudes e alternância de papéis existenciais. Pressentir a pedra de toque pode significar uma originalidade em meio ao espírito de multidão. Como uma pátria exilada em si mesma, sua irrealização aprecia reescrever-se para além de uma vida acumulando raízes.  Ao espírito de rebanho, ser singularidade é a maior doença.   Através da linguagem delirante se anuncia uma poética quase incompreensível. Nesse imenso território de dúvidas, contradições, um sujeito ameaça surgir. Seu deslize existencial aprecia contradizer o mundo ordinário. Em meio a esses labirintos da subjetividade que quer a

Sob a Regência de Saturno*

Com sua foice vai ceifando. Mergulhando no mundo de Hades Traz a tona o invisível. Bravamente, se une a Netuno Promovendo manifestaçōes coletivas. Com as armas de Áries Promove mudanças repentinas Fazendo nascer novos ideais. Com o poder de Leão, Que tem a Vênus hospedada, Sai em defesa da liberdade, Da expressão e dos direitos humanos. Velho sábio Saturno, Instigando os pueres A ação transformadora e radical. Velho Sábio... Remove as catacumbas da corrupção Senhor do tempo, sabe que Esta é a hora de reformar O Planeta adoecido. Com os quatro cavaleiros do apocalipse. No triângulo de água Cuida de tudo, Instigando a todos Para inéditas e inovadoras soluções. Este é o tempo de recriar o mundo! Sucesso em seu grande empreendimento Senhor Cronos! Que tenhamos força Para renascer de suas cinzas. *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, escritora, filósofa clínica Juiz de Fora/MG

A realidade do amor*

"(...) Que sempre existam almas para as quais o amor seja também o contacto de duas poesias, a convergência de dois devaneios.  O amor, enquanto amor, nunca termina de se exprimir e exprime-se tanto melhor quanto mais poeticamente é sonhado.  Os devaneios de duas almas solitárias preparam a magia de amar.  Um realista da paixão verá aí apenas fórmulas evanescentes.  Mas não é menos verdade que as grandes paixões se preparam em grandes devaneios.  Mutilamos a realidade do amor quando a separamos de toda a sua irrealidade."    *Gaston Bachelard, in ' A Poética do Devaneio'  

Dançar para fluir no mundo*

Voltei para casa ontem à noite e durante a noite fria questionava o porquê da dança na minha vida. Descobri que cada vez que eu me movimento e sinto a energia de cada alongamento para preparar-me para a aula de dança vou despertando minhas células para a vida. Me sinto vibrante e viva quando danço! Talvez eu nem consiga mais parar de dançar nessa existência, vício que tanto me ilumina a alma! Gratidão por esse encontro tão profundo com o movimento. Minha intersecção com a dança tem sido muito construtiva e reveladoramente positiva. Andando pela cidade percebi a beleza de poder expressar felicidade pelo suor do movimento coreografado! Marcado! Preciso! Muitas vezes repetidos e ensaiado! Quase parece improvisado, mas não! Muita transpiração para aproximar-me da perfeição. De repente, percebi que estava perto de casa e olhei para alguns rostos ao redor. Observei que tantas são as questões que nem mesmo se minha bola de cristal não estivesse quebrado não conseguiria, de fato, des

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