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Uma máscara aparece aleatoriamente no meio da multidão é o "V" de vingança, resta saber: que vingança é essa? São estarrecedoras as  razões distorcidas, que muitas vezes, ignoram  completamente a raiz de sua determinação. A politica sempre foi um prato cheio para projeções, quando alguém se enche de ódio para falar de um determinado politico ou partido, o exagero e a exacerbação pode estar  denunciando algo inversamente oposto ao discurso, aproveitando o personagem como um veiculo para desaguar frustrações de outra ordem. Algumas represas afetivas podem dar conta de justificar silenciosamente tais respostas comportamentais, quando se trata por exemplo, de sentimentos antagônicos ligados a uma figura de  laço afetivo profundo, com  a proximidade de tal evidência, que não permitiria nem um tipo de sentimento se quer parecido com ódio.  A hera tecnológica sistematizou  a coisa da infestação humana excluindo o isolamento por percepção cognitiva, este a quem da noção

Bernardo é quase uma árvore*

Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe E vêm pousar em seu ombro. Seu olho renova as tardes. Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho; 1 abridor de amanhecer 1 prego que farfalha 1 encolhedor de rios – e 1 esticador de horizontes. (Bernardo consegue esticar o horizonte usando três Fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.) Bernardo desregula a natureza: Seu olho aumenta o poente. (Pode um homem enriquecer a natureza com a sua Incompletude?) *Manoel de Barros

Falta de imunidade...*

Ah, como era difícil para ele amar. Calculava a sua dor antes. Antevia o fim a partir do primeiro abraço. Já havia se proposta a não amar mais. Continuava amando, porém. Era perigoso o amor para ele. É que não tinha criado autodefesas Sua alma não aprendeu imunidades Quando amava falava coisas que não imaginava que conseguiria falar algum dia. O amor fazia dele um homem confuso e incoerente. Verdadeiro e mentiroso. Sério e brincalhão ao mesmo tempo. Para conseguir dizer do jeito que amava.. Quando deixava de amar, ainda assim continuava amando. Não superava a perda, apenas se acostumava com a dor... E tomava os seus chazinhos.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

O Herói*

"— Papai, o que é um herói? Eu pergunto porque tenho grande vontade De ser herói também ... Será que posso ser herói sem entrar numa guerra? Será que posso ser herói sem odiar os homens E sem matar alguém?" O homem que já sofrera as mais fundas angústias E as mais feias misérias Trabalhando a aridez de uma terra infecunda Para que não faltasse o pão no pequenino lar; O homem que as mais humildes ilusões perdera No seu cotidiano e ingrato labutar; Aquele homem, ao ouvir a pergunta do filho: — "Papai, o que é um herói?" Nada soube dizer, nada pôde explicar... Tomou de uma peneira E cantando saiu, outra vez, a semear! *Judas Isgorogota

Compreensão*

“O que seria a vida sem esquecimento.” Hans-Georg Gadamer Que bom envelhecer e esquecer, e que não devemos esquecer de viver, e que todo esquecimento é viver mais um pouco, é lembrar viver mais um tanto outro muito de vida. Porque viver é esquecer um pouco de tudo, é viver um tudo de nada dos poucos instantes vividos.  Viver e não deixar de sentir as imagens, de não deixar de provar o vento como se o olfato fosse um som a cruzar um eterno campo de vida, e nosso voltar para o tempo é cheirar mais um pouco do esquecido, do ar que passa sobre a cabeça. E um vasto oceano e todo movimento a desaguar na vida. E morder a vida com aquilo que o esquecer nos deixou sentir: Viver os últimos dias como se vivesse os primeiro anos de vida, viver por viver sem deixar de cuidar da vida. Viver sem as certezas da exatidão, das verdades, e sentir todas as verdades vividas nesse caminho de vida intensa. *Dr. Luis Antônio Paim Gomes Professor. Escritor. Editor Sulina.  Porto Aleg

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