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Fragmentos Filosóficos Delirantes*

"(...) a este saber que eu sou, o mundo não pode apresentar-se a não ser oferecendo-lhe um sentido, a não ser sob a forma de pensamento d mundo." "O segredo do mundo que procuramos é preciso, necessariamente, que esteja contido em meu contato com ele. De tudo o que vivo, enquanto o vivo, tenho diante de mim o sentido, sem o que não o viveria e não posso procurar nenhuma luz concernente ao mundo a não ser interrogando, explicando minha frequentação do mundo, compreendendo-a de dentro." "(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo, tenho razões para dizer que eu sou o mundo." "O olhar dos outros homens sobre as coisas é o ser que reclama o que lhe é devido e que me incita a admitir que minha relação com ele passa por eles." "(...) cada um se experimenta misturado com os outros, há um terreno de encontro que é o próprio Ser

Arqueologias do texto*

                               De onde vem e quem escreve aquilo que se escreve? Uma interrogação superposta busca dialogar com a estrutura das fontes. Tratativas para objetivar as franjas da subjetividade onde a concepção se faz autoria. Buscas por rascunhar a frequência existencial de onde o texto se faz contexto. Um devaneio parece se inspirar em narrativas inacabadas, como a própria essência de viver. Desse mirante intuitivo as regiões inexploradas sussurram dialetos ao reviver a letra desgastada pelo excesso interpretativo. Diante das antigas impressões um convite à admiração reaparece e inaugura o milagre da palavra reinventada. A leitura marginal contorna a intencionalidade primeira, transpõe a inclinação natural das representações do autor e ressurge como esboço em uma nova inscrição. Uma leitura_escritura assim pensada possui mensagens híbridas de versão interminável.      O discurso escrito e sua pronuncia são diferentes, embora possuam a mesma fonte, sug

O Homem que Lê*

Eu lia há muito. Desde que esta tarde com o seu ruído de chuva chegou às janelas. Abstraí-me do vento lá fora: o meu livro era difícil. Olhei as suas páginas como rostos que se ensombram pela profunda reflexão e em redor da minha leitura parava o tempo.  De repente sobre as páginas lançou-se uma luz e em vez da tímida confusão de palavras estava: tarde, tarde... em todas elas. Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já as longas linhas, e as palavras rolam dos seus fios, para onde elas querem. Então sei: sobre os jardins transbordantes, radiantes, abriram-se os céus; o sol deve ter surgido de novo. — E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança: o que está disperso ordena-se em poucos grupos, obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas e estranhamente longe, como se significasse algo mais, ouve-se o pouco que ainda acontece. E quando agora levantar os olhos deste livro, nada será estranho, tudo grande. Aí fora exist

O enigma do mundo*

Vida, vida vasta Gozos e sabores Sem culpa Vou cavalgando Pelo caminho afora Escolha livre Olhar curioso Cada detalhe um deleite Espinhos e sombras Magia e encanto Fenômenos Deliro e decifro O grande enigma Do mundo em mim. *Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Filósofa Clínica. Escritora Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos Delirantes*

"(...) no ato de reação à teia dos estímulos e de compreensão de suas relações, cada fruidor traz uma situação existencial concreta, uma sensibilidade particularmente condicionada, uma determinada cultura, gostos, tendências, preconceitos pessoais, de modo que a compreensão da forma originária se verifica segundo uma determinada perspectiva individual. No fundo, a forma torna-se esteticamente válida na medida em que pode ser vista e compreendida segundo multiplices perspectivas, manifestando riqueza de aspectos e ressonâncias, sem jamais deixar de ser ela própria (...)" "O fenômeno da obra em movimento , na presente situação cultural, não está absolutamente limitado ao âmbito musical, mas oferece interessantes manifestações no campo das artes plásticas, onde encontramos hoje objetos artísticos que trazem em si mesmos como que uma mobilidade, uma capacidade de reproduzir-se caleidoscopicamente aos olhos do fruidor como eternamente novos." "(...) dão l

Coração tecno*

“Quando eu fico, como hoje, mexendo nesses velhos cartões-postais, percebo que de repente tudo se misturou, se confundiu.” Danilo Kiš Nunca diga não a tecnologia de seu coração. Não se assuste, o coração é o mesmo; acontece que ele e a tecnologia não viveriam longe um do outro. Sucumbiriam na mesmice do nascer, crescer e morrer.  A metáfora ‒ coração ‒ é aqui a força do texto, o lúdico do pensar é apenas a carga para o movimento, o batimento é como os dedos que percorrem o resto da imaginação sem pressa de terminar sua exploração.  A poética diz ser: o coração é a precisão mais perfeita do viver, o bater, o pulsar das incertezas.  Mesmo assim, o coração é como a tecnologia para o corpo que precisa ir adiante dos dias, além do tempo, mergulhar nas possibilidades do que nos abastece a vida, no ritmo de cada um, outros pulsam, vivem de forma diferente. *Prof. Dr. Luis Antônio Paim Gomes Editor. Escritor. Pensador. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos Delirantes*

"Terreno da liberdade, a crônica é também o gênero da mestiçagem. Haverá algo mais indicativo do que é o Brasil ? País de amplas e desordenadas fronteiras, grande complexo de raças, crenças e culturas, nós também, brasileiros, vacilamos todo o tempo entre o ser e o não ser. Somos um país que se desmente, que se contradiz e que se ultrapassa. Um país no qual é cada vez mais difícil responder à mais elementar das perguntas: - Quem sou eu ?" "Os poetas que valem realmente fazem a poesia dizer mais coisas do que dizia antes deles." Morrem, mas continuam a falar a nos surpreender." "'Não é a simplicidade que se deve recomendar e elogiar'. Para Mário, a lei moral do artista digno era 'se realizar cada vez melhor em sua personalidade'. Ser simples, ou ser confuso, é uma consequência, não uma escolha." "A literatura é um poço profundo, em que o chão nos escapa. Uma vez em seu interior, nada mais devemos esperar. Ficções não

O inverno da alma...*

Percebo a cada dia, um frio que sai de dentro do meu coração, sequioso por sol. O calor aquece a alma dolorida e recupera a caminhada cansativa de cada dia. Estive hibernada em mim durante muito tempo. Precisei entender processos escondidos dentro de um compartimento secreto que só foi possível acessar depois de muita dor e sofrimento. Não gosto do inverno e confesso que quando sinto que ele está indo para longe trazendo a primavera, meu coração se enche de flores perfumadas de plenitude. Moro na serra de Petrópolis, onde há dias cinza e de nevoeiro. As tardes são úmidas e frias nessa estação temida por quem se encolhe e se esconde debaixo de várias peles para aquecer o corpo e o coração. Olho pela janela do meu quarto e vejo o céu. Isso me anima. Como o céu de inverno é bonito!!! Quase romântico. A lua sempre exuberante me lembra vida ainda existente em algum lugar perto ou distante de meus pensamentos que caminham em direção ao nada e à melancolia. Volto para dentro do m

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