Pular para o conteúdo principal

Postagens

Acordar*

Dormir é uma necessidade fisiológica. A cada 16 horas o corpo exige uma pausa para descanso. Neste período ocorrem liberação de hormônios, sonhos e recuperação do cansaço e fadiga. O sono é um poderoso revigorante físico e emocional, diminuindo o estresse, melhorando a memória, o raciocínio, rejuvenescendo a pele, controlando o apetite. Acordar é diferente. Acordar é uma benção, um presente. Normalmente, depois de seis a oito horas adormecidas, as pessoas acordam. No entanto, as mais diversas religiões afirmam que durante o sono um pedaço da alma, ou sua totalidade, se desprende do corpo e, conforme a vontade divina, retorna ou não para que o individuo possa acordar. Por isso, fiéis rezam antes de dormir, pedindo que sejam protegidos pelo altíssimo durante o sono e abençoados com o acordar. Como as certezas podem mudar de lugar, para os insones a regra é outra, dormir é considerado uma benção e ficar acordado, uma maldição.   Dormir sob efeito de uma anestesia já é out

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"É preciso, pois, que alguma coisa no olhar do outro o assinale para mim como olhar de outro, sem que o sentido do olhar do outro se esgote na queimadura que deixa no meu corpo olhado por ele. " "Há uma espécie de loucura da visão que faz com que, ao mesmo tempo, eu caminhe por ela em direção ao próprio mundo e, entretanto, com toda a evidência, as partes desse mundo não coexistam sem mim (...)" "Aparentemente, essa maneira de introduzir o outro como incógnita é a única que considera sua alteridade e a explica." "(...) a certeza de que as coisas têm outro sentido além daquele que estamos em condições de reconhecer." "A abertura para o mundo supõe que o mundo seja e permaneça horizonte, não porque minha visão o faça recuar além dela mesma, mas porque, de alguma maneira, aquele que vê pertence-lhe e está nele instalado." "(...) um mistério familiar e inexplicado, de uma luz que, aclarando o resto, conserva sua

Procurando me encontrar...*

 A vida nos faz criar diversas expectativas em relação a nós e em relação aos outros, entretanto expectativas são apenas expectativas. O desnudar-se de si, o olhar profundo para o EU que habita em nós, pode trazer verdades nada agradáveis em relação às expectativas criadas por nós mesmos. Tenho sentido os abismos existenciais que há na relação entre meu EU e a expectativa que criei do OUTRO. Nua tenho me sentido, a cada dor e a cada movimento de autoconhecimento, mas não estou lamentando minha historicidade, pois é a única coisa real que tenho. Lamento deparar-me com os aspectos mais obscuros da minha singularidade, embora saiba que temos dois lados lindos: o apolíneo e o dionisíaco. Uma polaridade não viveria sem a outra nesse mundo de dualidades e contradições. A dualidade presente a cada modo de pensar nos diversos papéis existenciais que somos obrigados a representar socialmente nos deixa escravos da opinião do outro. Assim é que me parece!!! Entendo que nem tudo qu

Fragmentos Filosóficos, Literários, Delirantes*

"Nenhum poeta forte, ou, melhor dizendo, nenhum poeta forte, pode escolher seu precursor, da mesma forma que nenhuma pessoa pode escolher seu pai." "(...) à polêmica de Emerson contra a própria ideia de influência, à sua insistência de que caminhar sozinho deve implicar a recusa até de bons modelos, o que torna a leitura primordialmente uma atividade criadora." "Para que uma leitura (desleitura) seja ela mesma produtora de outros textos, é obrigatório que afirme sua singularidade, sua totalidade, sua verdade." "(...) mas atos, pessoas e lugares, para que sejam utilizados por poemas, devem eles próprios ser tratados antes como se já fossem poemas, ou partes de poemas." "Os poemas triunfam ao triunfar sobre as limitações de suas próprias metáforas (...)." "(...) e vejo uma carta de Joyce Carol Oates, romancista, poeta e crítica, que responde a um resenhista:  ' (..) Whitman compreendia que os seres humanos

Pobre rica menina*

Seu andar lento traía uma nostálgica tristeza. -É coisa minha.... - sempre dizia. Sabia, melhor do que ninguém, dos riscos da vida. Dos perigos do amor. Escolhia, contudo, amar e confiar. Entre a dúvida e a certeza, não vacilava. Mergulhava inteira e oferecia a cara e a alma. Havia traçado o seu destino. O que tiver que ser será. Estava escrito, e o que não estava escrevia. Mergulhava de cabeça em águas muito rasas. Ah, machucara-se tantas vezes. Quem não a conhecia comentava: pobre menina, insiste em se machucar. Ninguém entendia direito o porquê. Sempre que perguntada, ela respondia: -É coisa minha.... Sim, era coisa dela. Não desistia de acreditar no amor e nas pessoas. Vida arriscada a sua. Levava junto com ela as marcas dos amores. Onde chegava, amava Onde ficava, sonhava Onde passava, alegrava Onde caía, florescia Por vezes, quando caía Voava para mais longe E onde pousava, florescia de novo.... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poet

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"No fundo da prática científica existe um discurso que diz: 'nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui em em todo lugar.'" "E Basaglia: 'a característica destas instituições (escola, fábrica, hospital) é uma separação decidida entre aqueles que tem o poder e aqueles que não o têm.'" "(...) aquilo que estava logo de início implicado nestas relações de poder, era o direito absoluto de não-loucura sobre a loucura." "(...) uma das primeiras coisas a compreender é que o poder não está localizado no aparelho de Estado e que nada mudará na sociedade se os mecanismos de poder que funcionam fora, aba

Visitas