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Meu cartão de visitas*

Recentemente tenho percebido uma grande insistência de “terapias de marketing” em trabalhar o que eles chamam de “cartão de visitas pessoal”, ou seja, o conjunto de caracteres que lhe mostrará de certa maneira para a sociedade. Em Filosofia Clínica trabalho isso em diversos tópicos e através de complexos movimentos. O primeiro deles diz respeito ao Papel Existencial, também conhecido como rótulo, titulação, designação, máscara ou personagem. Se eu me denomino médico, isto é um caractere de identificação existencial, identificação de um papel, de um personagem que se comporta como tal. Esse “médico” deverá ter outros vários caracteres pré-definidos socialmente, tais como conhecimento acerca do corpo humano, como postura profissional, ética e etc... Esse papel, a priori, deve dizer algo sobre a pessoa com a qual conversamos, pois parte dela é esse personagem. Porém, um personagem nem sempre possuí correspondência com a pessoa que o vivifica, e semelhantemente ao teatro, tal

Tabacaria*

  Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo. que ninguém sabe quem é ( E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger

As folhas do outono no pátio do jardim*

Acontecia algo engraçado comigo Toda vez que ela se alegrava E me fazia sorrir Eu sentia uma vontade Enorme de explicar O quanto eu a amava. Não adianta atropelar as estações Se apressar muito, machuca... Primeiro amei a sua alma E só bem depois Apaixonei-me pelo seu corpo. E na estação mais triste Eu te prometo poesias Me devolves cantos e danças E se, acaso, eu te interpretar mal Prometes te traduzir para mim Pois és escrita em língua esquisita E eu não consigo te ler... As folhas do outono Formaram um coração quebrado No pátio do meu jardim... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Poema em Linha Reta*

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Sábado*

Tenho praticado nas últimas semanas uma experiência sensorial e, por que não dizer, espiritual. Comecei desligando o telefone celular por vinte e quatro horas, pois já estava praticamente viciado no aparelho. Logo ao acordar, antes mesmo de sair da cama, verificava as mensagens recebidas por e-mail e facebook durante a noite. No caminho para o trabalho,  enquanto o carro ficava parado no trânsito, conversava via whatsapp.  Por vezes, até mesmo em movimento,  dirigia e conversava ao celular. Algumas multas e muitos pontos na carteira. Puxar o telefone do bolso em meio a um jantar  ou festa para registrar o momento e postar na Internet já havia se transformado em rotina. O vicio de não conseguir se desligar do celular  é  conhecido como nomofobia, derivado do termo inglês “no mobile phobia”. No inicio foi angustiante ficar vinte e quatro horas fora do ar. Ficava aflito se estaria deixando de atender alguma ligação importante, uma mensagem urgente ou ficando por fora de assuntos

Na vila do pensar*

                              “Distanciar diz fazer desaparecer o distante, isto é, a distância de alguma coisa, diz proximidade.” Martin Heidegger – Ser e Tempo Quer paz ou a guerra é teu alimento? Busca a liberdade ou mata para ser livre? Aceita as diferenças ou faz de tua roupa um emblema? Joga na vida para viver ou vibra com o jogo dos outros? Ama o próximo ou acredita que alguém é que te ilumina? Acorda com seus sonhos ou espera o hino te despertar? Viver é mais que morrer, é lutar para crer no mundo em que vive. Ando mesmo querendo morar em outro lugar, Lá, talvez a dúvida não seja apenas um sinal de fraqueza, E o ato de filosofar transcenda os vitrais da catedral. *Prof. Dr. Luis Antônio Paim Gomes Filósofo. Editor. Professor. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

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