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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O texto é plural. Isso não significa apenas que tem vários sentidos, mas que realiza o próprio plural do sentido: um plural irredutível (e não apenas aceitável). O Texto não é coexistência de sentidos, mas passagem, travessia; não pode, pois, depender de uma interpretação, ainda que liberal, mas de uma explosão, de uma disseminação" "A redução da leitura a simples consumo é evidentemente responsável pelo 'tédio' que muitos experimentam diante do texto moderno, do filme ou do quadro de vanguarda: entediar-se quer dizer que não se pode produzir o texto, jogar com ele, desfazê-lo, dar-lhe partida" "Fico imaginando hoje, um pouco à moda do grego antigo, tal como o descreve Hegel: interrogava, diz ele, com paixão, sem esmorecimento, o rumor das folhagens, das fontes, dos ventos, enfim, o estremecer da Natureza, para ali captar o desenho de uma inteligência. E eu, é o estremecer do sentido que interrogo escutando o rumor da linguagem - desa ling

Os deslimites da palavra*

Ando muito completo de vazios. Meu órgão de morrer me predomina. Estou sem eternidades. Não posso mais saber quando amanheço ontem. Está rengo de mim o amanhecer. Ouço o tamanho oblíquo de uma folha. Atrás do ocaso fervem os insetos. Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino. Essas coisas me mudam para cisco. A minha independência tem algemas *Manoel de Barros

Uma vida de poesia*

A vida, cavalo selvagem Anda a galope Sem tempo de espera Sem perdão pelo tempo perdido Não aceita explicações Impassível, segue adiante Impiedosa Não ri , nem chora. Deus, não está nem aí Não tem nada a ver Com tudo isto Mas viver é necessário A vida é neutra Depressa, levanta, vai, corre Gira Roda Atropela Tritura Mói Dói. A noite parece minha salvação Escrevo palavras, palavras, palavras Abraço-me a poesia Minha tábua de salvação Tudo sempre ainda em vão Poderia a poesia salvar-me da morte? Mas, o que me salvaria da vida? *José Mayer Filósofo. Livreiro. Estudante de Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Falar mete-me medo porque, nunca dizendo o suficiente, sempre digo também demasiado" "No escritor o pensamento não dirige a linguagem do lado de fora: o escritor é ele próprio como um novo idioma que se constrói" "Contrariamente ao Ser e ao Livro leibnizianos, a racionalidade do Logos pela qual a nossa escritura é responsável obedece ao princípio da descontinuidade." "Esta superpotência como vida do significante produz-se na inquietação e na errância da linguagem sempre mais rica que o saber, tendo sempre movimento para ir mais longe do que a certeza pacífica e sedentária" "Husserl sempre acentuou a sua aversão pelo debate, pelo dilema, pela aporia, isto é, pela reflexão sobre o modo alternativo em que o filósofo, no termo de uma deliberação, pretende concluir, isto é, fechar a questão, parar a expectativa ou o olhar numa opção, numa decisão, numa solução" "A palavra proferida ou inscrita, a letra, é sempre

Criando particulares*

Por uma questão de conhecimento científico, conhecimento aquele que pretende ser o mais acurado e rigoroso, muitas vezes destacamos uma parte do todo para dar mais ênfase no estudo, na averiguação, na pesquisa, enfim, para aprofundar o conhecimento deste tópico. Assim, por exemplo, falamos coisas do tipo: “Na armadilha conceitual o ponto cego acaba por nos deixar prejudicados. Pois o ponto cego acaba por tomar decisões por nós e nos impossibilita de perceber ou sentir com mais clareza”, e por aí vai. Quando falamos dessa forma, quando abstraímos uma parte do todo para melhor entendimento ou pesquisa daquele tópico, sem querer, muitas vezes, acabamos criando um particular excluído do todo, isto é, fazemos ontologia . O ponto cego, no exemplo, acaba por ser entendido e tratado como se fosse um ente de subsistência própria, destacada do todo. Criamos ontologicamente um particular e, portanto, como consequência, um universal . O universal é aquilo que identifica os particula

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