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Letras ao vento*

Vai, folha de minha vida, vai que o verão não te conhece, melancólica estação passada. Voem, folhas de anos verdes, que o tempo me quer mais tempo e não me descreveis mais. Mas as dou para o vento, quem sabe achadas pelos meninos nas praias desertas sejam motivo de curiosidade, pois para os adultos, desdém. De que adiantam letras escritas num mundo de objetos elétricos que amainam tudo no ramo das sensações, se ao coração ninguém quer chegar-se. *Vania Dantas Filósofo Clínica Uberlândia/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) esses grandes continuadores da literatura tradicional em todas as suas possíveis gamas não cabem mais dentro dela, são acossados pela obscura intuição de que alguma coisa excede as suas obras, de que quando vão fechar a mala de cada livro há mangas e fitas penduradas para fora e é impossível encerrar" "(...) se alguém se levanta como Holderlin nos alvores do romantismo ou como Mallarmé em sua decadência, esse alguém segue cegamente a intuição infalível que o encaminha à linguagem poética, não estética, linguagem em que é possível superar as limitações do verbo por via da imagem - essa ideia do verbo que os homens poetas conseguem apreender e formular"  "Os escritores ampliam as possibilidades do idioma, levam-no ao limite, buscando sempre uma expressão mais imediata, mais próxima do fato em si que sentem e querem manifestar, quer dizer, uma expressão não-estética, não-literária, não-idiomática. O escritor é o inimigo potencial - e hoje já at

A mão e a poesia*

Eu era tão somente A mão que escrevia Se há alguém culpado Este é o meu coração. O que me traz alegrias Não é o mesmo Que te deixa alegre Aquilo que dói em mim Não é o mesmo Que dói em ti. E que a poesia Nos traga alegria E nos alivie No ano de 2017, *Jose Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A obra de Thomas Mann situa-se na categoria muito rara (...). Tais obras comovem-nos à quinta leitura, por motivos diferentes daqueles que nos fizeram amá-las à primeira, ou até opostos a eles" "(...) busca de uma sabedoria mágica cujos segredos cochichados ou subentendidos flutuam entre as linhas, destinados, ao que parece, a permanecer voluntariamente o mais despercebidos possível" "A Montanha Mágica é a descrição bastante precisa de um sanatório na Suíça alemã, por volta de 1912" "(...) para esse analista das mutações e da passagem, o presente não tem um lugar privilegiado na sequência dos séculos; todos os tempos, inclusive aquele em que estamos, flutuam igualmente à superfície do tempo" "Parece que Mann nunca conseguiu eliminar totalmente de sua consciência, e ainda menos do inconsciente, um vestígio de timidez burguesa ou de reprovação puritana perante essa aventura do espírito a caminho de si mesmo" &quo

Quando nosso corpo virou uma máquina*

Na última coluna vimos que algumas pessoas encontram-se caminhando por lindos lugares da nossa cidade, tais como o Ecoparque, mas que não estão lá de fato, pelo menos não do ponto de vista do seu pensamento, das suas emoções, das suas ideias. Vimos que uma das consequências de ter isto como um padrão é a dissociação entre corpo e mente, entre o ambiente em que estamos e o que se passa dentro de nós. A pessoa fica com o seu pensamento pulando de quadro em quadro, de ideia em ideia, de coisas boas do nada para coisas horríveis. Entre as consequências usuais destes padrões de espacialidade encontram-se queixas como o fato de a pessoa não ver mais graça de estar em lugar algum, não importa o quanto belo ele seja, e assim acaba se fechando em casa, em uma sala muitas vezes escura, de janelas fechadas, como se o mundo lhe fizesse mal. Outras vezes a pessoa reclama que nada mais lhe agrada, que não consegue saborear uma boa comida, que não consegue sentir atrações físicas pela es

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