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Migrante na linguagem*

“Eis como meu gosto pessoal, ligado à finitude dos prazeres materiais, adquire uma dimensão infinita, imaterial, espiritual.” José Gil (A imagem-nua e as pequenas percepções) Ainda existe o jamais ouvido, o nunca lido, aquele que nunca foi trilhado pelos olhos? Há! O que vive é o que já está prestes ao vivido. Depois é tudo passado. Pois, o que o corpo quer é só mesmo mostrar ao Outro o que a ele não lhe pertence. O desejo de pertencimento deixa de ser o melhor, o que vive do outro lado do rio é que se quer. A meu ver, só para ser manter no espaço do inaudito, o que quero primeiro é ter este pertencimento. Por dentro, até o fundo de todas as cores, o que o olho alcança não é limite para o sentir. A letra tem sua tradução. O purista que me perdoa, ele só quer ser inaudito para dificultar o olhar do que possa deslegitimá-lo.  Esse é só um mais tradutor seco, não é um transcriador. Precisamos de quem possa ler ao mundo toda a produção, que possa ir além de sua fronteira

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O estilo é o modo de formar, pessoal, irrepetível, característico; a marca reconhecível que a pessoa deixa de si na obra: e coincide com o modo como a obra é formada. A pessoa forma-se, portanto, na obra: compreender a obra é possuir a pessoa do criador feita objeto físico" "(...) organiza de um modo cuja característica é precisamente a possibilidade de se apresentar sempre completo sob mil pontos de vista" "(...) e cada abordagem é um modo de possuir a obra, de a ver inteira e, no entanto, sempre passível de ser percorrida por novos pontos de vista" "(...) a idade média não é uma ilha histórica, mas uma dimensão do espírito" "(...) mas ao afirmar que a simplicidade poética, tal como tinha sido entendida até então, parecia estar morta, esclarecia afinal com extremo vigor que a poesia se tinha simplesmente transformado, que estava a despontar uma nova ideia de arte; deixando entender que a arte se situa para além destas

Letras ao vento*

Vai, folha de minha vida, vai que o verão não te conhece, melancólica estação passada. Voem, folhas de anos verdes, que o tempo me quer mais tempo e não me descreveis mais. Mas as dou para o vento, quem sabe achadas pelos meninos nas praias desertas sejam motivo de curiosidade, pois para os adultos, desdém. De que adiantam letras escritas num mundo de objetos elétricos que amainam tudo no ramo das sensações, se ao coração ninguém quer chegar-se. *Vania Dantas Filósofo Clínica Uberlândia/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) esses grandes continuadores da literatura tradicional em todas as suas possíveis gamas não cabem mais dentro dela, são acossados pela obscura intuição de que alguma coisa excede as suas obras, de que quando vão fechar a mala de cada livro há mangas e fitas penduradas para fora e é impossível encerrar" "(...) se alguém se levanta como Holderlin nos alvores do romantismo ou como Mallarmé em sua decadência, esse alguém segue cegamente a intuição infalível que o encaminha à linguagem poética, não estética, linguagem em que é possível superar as limitações do verbo por via da imagem - essa ideia do verbo que os homens poetas conseguem apreender e formular"  "Os escritores ampliam as possibilidades do idioma, levam-no ao limite, buscando sempre uma expressão mais imediata, mais próxima do fato em si que sentem e querem manifestar, quer dizer, uma expressão não-estética, não-literária, não-idiomática. O escritor é o inimigo potencial - e hoje já at

A mão e a poesia*

Eu era tão somente A mão que escrevia Se há alguém culpado Este é o meu coração. O que me traz alegrias Não é o mesmo Que te deixa alegre Aquilo que dói em mim Não é o mesmo Que dói em ti. E que a poesia Nos traga alegria E nos alivie No ano de 2017, *Jose Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A obra de Thomas Mann situa-se na categoria muito rara (...). Tais obras comovem-nos à quinta leitura, por motivos diferentes daqueles que nos fizeram amá-las à primeira, ou até opostos a eles" "(...) busca de uma sabedoria mágica cujos segredos cochichados ou subentendidos flutuam entre as linhas, destinados, ao que parece, a permanecer voluntariamente o mais despercebidos possível" "A Montanha Mágica é a descrição bastante precisa de um sanatório na Suíça alemã, por volta de 1912" "(...) para esse analista das mutações e da passagem, o presente não tem um lugar privilegiado na sequência dos séculos; todos os tempos, inclusive aquele em que estamos, flutuam igualmente à superfície do tempo" "Parece que Mann nunca conseguiu eliminar totalmente de sua consciência, e ainda menos do inconsciente, um vestígio de timidez burguesa ou de reprovação puritana perante essa aventura do espírito a caminho de si mesmo" &quo

Quando nosso corpo virou uma máquina*

Na última coluna vimos que algumas pessoas encontram-se caminhando por lindos lugares da nossa cidade, tais como o Ecoparque, mas que não estão lá de fato, pelo menos não do ponto de vista do seu pensamento, das suas emoções, das suas ideias. Vimos que uma das consequências de ter isto como um padrão é a dissociação entre corpo e mente, entre o ambiente em que estamos e o que se passa dentro de nós. A pessoa fica com o seu pensamento pulando de quadro em quadro, de ideia em ideia, de coisas boas do nada para coisas horríveis. Entre as consequências usuais destes padrões de espacialidade encontram-se queixas como o fato de a pessoa não ver mais graça de estar em lugar algum, não importa o quanto belo ele seja, e assim acaba se fechando em casa, em uma sala muitas vezes escura, de janelas fechadas, como se o mundo lhe fizesse mal. Outras vezes a pessoa reclama que nada mais lhe agrada, que não consegue saborear uma boa comida, que não consegue sentir atrações físicas pela es

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